Cada vez há mais portugueses com crédito automóvel. Em 2018, registou-se um valor recorde de novos empréstimos para compra de carros, sobretudo usados.
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Até ao final de novembro, o montante de novo crédito automóvel contratado em Portugal somava 2,8 mil milhões de euros. São quase oito milhões de euros por dia. Nunca os portugueses se endividaram tanto para este fim. Ao todo, foram efetuados mais de 200 mil novos contratos de crédito automóvel no ano passado.
No final de setembro, um total de 830 mil famílias deviam 6,1 mil milhões de euros em crédito automóvel, o valor mais alto de sempre.
O baixo nível de desemprego e o crescimento económico deixaram os consumidores mais otimistas quanto ao futuro.
"Os particulares sentem esta facilidade de obtenção de crédito, têm a noção de que a janela pode não ficar aberta para sempre e acabam por procurar mais crédito", disse Filipe Garcia, da IMF-Informação de Mercados Financeiros.
"Renting" e "leasing" sobem
O novo crédito automóvel registado até ao final de novembro corresponde a um aumento de 13% face a igual período de 2017. Em termos de número de novos contratos, teve o crescimento homólogo de 11%.
Maio foi o mês com maior valor de crédito automóvel contratado pelos consumidores. No total, o valor dos empréstimos aproximou-se dos 290 milhões de euros e foram feitos mais de 20 mil novos contratos.
Na maior parte, o crédito é feito para a compra de viaturas usadas e com reserva de propriedade do veículo.
Em termos globais, no mercado de venda de viaturas ligeiras e comerciais, registou-se um ligeiro aumento da preferência pela compra através de operações de renting e de leasing.
Foram vendidas 98 mil viaturas nestes dois regimes em 2018, mais 10 450 do que no ano anterior, segundo a Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF). O peso das viaturas adquiridas através de leasing e renting subiu de 32,9%, em 2017, para 35,9%, em 2018.
Segundo a ALF, foram vendidas mais de 37 mil viaturas via renting, num total de 743 milhões de euros. São mais cinco mil veículos e 111 milhões de euros do que no ano anterior. No caso do leasing, o número de viaturas ascendeu a quase 61 mil em 2018, mais cerca de cinco mil do que em 2017.
"O crescimento do leasing e do renting nos últimos seis anos reflete a grande aceitação que estes instrumentos de apoio às empresas e às famílias estão a ter em Portugal", afirmou Paulo Pinheiro, presidente da ALF ao JN/Dinheiro Vivo. Adiantou que a "previsilidade dos custos" e a "flexibilidade" são benefícios para os consumidores que optam por estas soluções de financiamento automóvel. E prevê que "o leasing e o renting continuem a evoluir de forma positiva, acompanhando as tendências do setor automóvel e da economia nacional", ajudados pela revolução tecnológica e atenção ao ambiente.
Montepio assegura que a procura dos diesel lidera no crédito automóvel
As viaturas a diesel continuam no topo da procura por quem contrata crédito automóvel, segundo o presidente do Montepio Crédito, que cita dados do banco. Pedro Alves discorda da tese da morte dos carros a gasóleo no curto prazo, levantada pelo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes. "A minha discordância é factual. Os dados não apontam nesse sentido", afirmou ao JN/DV.
Entre 2016 e janeiro de 2019, a procura de crédito para compra de viaturas a diesel junto do Montepio Crédito é muito mais forte do que no caso das viaturas a gasolina, híbridas ou elétricas. Nos particulares, as viaturas a diesel têm correspondido a mais de dois terços do total de crédito automóvel concedido pelo Montepio.
Já no caso das empresas, mais de 90% dos empréstimos concedidos para esse fim pelo banco é para a aquisição de viaturas a gasóleo. Em segundo lugar surgem as viaturas a gasolina, enquanto os carros híbridos e os elétricos representam uma parte muito pouco significativa do crédito concedido.
