Média inclui preços com taxas de inflação muito superiores, como dos combustíveis ou de bens alimentares, como óleos e gorduras (15,6%), peixe (5,2%), hortícolas (3,95%) e carne (3,4%), cujo valor se reflete nas compras das famílias.
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O Índice de Preços no Consumidor (IPC) subiu 2,7% em dezembro passado, face ao mesmo mês do ano anterior, revelou o Instituto Nacional de Estatística (INE). A média inclui, porém, 30 produtos e serviços com taxas de inflação muito superiores, como os combustíveis, que subiram 27%, ou bens alimentares, como óleos e gorduras (15,6%), peixe (5,2%), hortícolas (3,95%) e carne (3,4%), cujo valor se reflete nas compras das famílias. A subida de preços não deve parar já, mas a política monetária não passará pela subida de juros este ano, antecipam os analistas.
No total do ano passado, a inflação subiu 1,3% face ao ano anterior, em que a pandemia originou a estagnação de preços. Mas a situação mudou em 2021, no segundo semestre, altura em que, diz o INE, "as variações observadas foram sempre superiores ao valor da média anual". Em dezembro, registou-se o máximo do ano:2,7% e 0,1 pontos percentuais acima de novembro.
Se o aumento geral de preços fosse de 2,7%, as famílias poderiam nem notar as contas a crescer. Mas, em três dezenas de produtos e serviços, o aumento foi superior à média. Os combustíveis líquidos ( aquecimento doméstico e petróleo de iluminação) subiram quase 27%, o gás canalizado ou de garrafa 9,5% e os combustíveis e lubrificantes para transporte pessoal aumentaram 18,9%. Os alimentos chegam a estar seis vezes acima da média, no caso dos óleos e gorduras, sendo ainda o dobro no caso do peixe, crustáceos e moluscos.
O ano passado também inverteu uma tendência dos anos anteriores, segundo o INE:os bens aumentaram mais do que os serviços. No total do ano, os bens aumentaram 1,7% (-0,5% e 0,3%, em 2020 e 2019) enquanto os serviços subiram 0,6% (0,7% e 1,2%, respetivamente em 2020 e 2019).
Na Zona Euro, a variação média homóloga de preços foi de 5% em dezembro, com apenas oito países (incluindo Portugal) abaixo da média. Para o economista Pedro Braz Teixeira, "a inflação está muito controlada, em Portugal, comparando com a Europa e os EUA". A FED norte-americana reagiu aos 7% de inflação aumentando os juros - de 0,25% para 1% até ao fim do ano -, mas o Banco Central Europeu "não deverá seguir o mesmo caminho". Para o diretor do Gabinete de Estudos do Fórum Competitividade, só num "cenário extremo" os juros poderiam subir "de -0,4 para zero".
"A inflação ainda vai ter um pico em 2022, antes de normalizar em 2023 e 2024", explicou.
"Para as famílias, os combustíveis e a energia são o que mais pesa. No caso das empresas, os brutais aumentos da energia retiram-lhes competitividade porque outros países deram mais apoios às suas empresas do que Portugal deu. E, como temos o desemprego no mínimo, ainda estão gradualmente a aumentar salários para reter mão-de-obra", analisou.
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Transportes a subir
Os transportes foram a classe com maior subida homóloga: 6,72%. Aqui entram, entre outros, transportes aéreos de passageiros (25%) e combustíveis e lubrificantes para transporte pessoal (18,9%).
Tudo para a casa
A classe "habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis" teve a segunda maior subida (3,23%), em parte devido ao gás (9,5%).
Comida encarece
Os "produtos alimentares e bebidas não alcoólicas" subiram 2,88%, incluindo 15,6% nos óleos e gorduras, 5,2% no peixe e crustáceos, 3,95% nos hortícolas e 3,4% na carne.