Em março, o custo dos produtos hortícolas subiu 35,5% e o dos frutícolas aumentou 20,7% em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo o Eurostat. A análise ainda não abrange a medida do IVA zero que entrou em vigor a 18 de abril.
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Os sinais de abrandamento da inflação tardam em chegar à mesa dos portugueses. Os preços dos alimentos continuam a subir, em particular os dos vegetais que dispararam 35,5% em março, em comparação com o mesmo período do ano anterior, tendo ficado 12,3 pontos percentuais acima da média da União Europeia (UE), que atingiu os 23,2%, segundo os dados disponibilizados na segunda-feira pelo Eurostat.
Também as frutas estão mais caras: o custo subiu, em março, 20,7%, superando em 11 pontos a média da UE que se fixou em 9,7%, de acordo com a informação do gabinete de estatísticas europeu.
De salientar, contudo, que esta análise não tem em conta o IVA zero, implementado em Portugal para um conjunto de 46 bens alimentares, entre os quais vegetais e frutas. A medida entrou em vigor a 18 de abril.
Assim, depois do pico inflacionista atingido em 2022, verifica-se que para estes dois tipos de produtos os preços continuam em alta, ultrapassando inclusivamente a variação anual registada em dezembro do ano passado, de 23,5%, no caso dos vegetais, e de 16,5% relativamente às frutas.
Em sentido inverso, sente-se já algum alívio noutro tipo de bens alimentares como carne, ovos, leite, queijo, óleos e gorduras.
Ainda que os preços continuem a subir, o ritmo desacelerou em março comparativamente com a média anual verificada em dezembro de 2022. No que diz respeito à carne, o índice baixou de 21,2% para 17,6%. A variação da categoria que engloba ovos, leite e queijo foi de 28%, em março, quando em dezembro era de 31,8%. Em relação aos óleos e gorduras, que incluem margarinas, manteigas e azeite, os preços subiram, no primeiro trimestre, 17,4%, enquanto, no final do ano passado, a oscilação tinha sido de 33,7%, de acordo com o Eurostat.
No que diz respeito à evolução dos preços dos óleos e gorduras, também na UE se verificou um abrandamento. "Os dados de março de 2023 mostram que o custo na UE foi, em média, 23% superior ao de março de 2022. O pico da taxa de variação anual ocorreu em dezembro de 2022 (mais 32% face a dezembro de 2021), indicando um decréscimo de 9 pontos percentuais nos três primeiros meses de 2023. Isto sugere que a taxa de inflação dos óleos e gorduras está a começar a desacelerar", concluiu o serviço de estatísticas da UE.
Em termos comparativos, o aumento dos preços dos óleos e gorduras registado, entre março de 2021 e março de 2022, foi de 18% e, entre março de 2020 e março de 2021, foi de 1%.
A maior subida anual dos preços dos óleos e gorduras verificou-se na Hungria (33% face a março de 2022), Dinamarca (32%) e Bélgica (31%). Em contrapartida, os menores aumentos foram assinalados na Croácia (6%), Áustria (12%) e República Checa (16%), sendo a Bulgária o único país a registar uma descida (-1%).