O presidente da Câmara da Maia manifestou-se, esta sexta-feira, "muito revoltado" com a eventual colocação de novas portagens no seu concelho e admite juntar-se "a quem de direito" para evitar que isso aconteça.
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"Estou revoltado com esta situação, chegámos ao limite, a paciência esgotou. Temos de ver se é verdade e, se for, tirarei as ilações e juntar-me-ei a quem de direito para tentar evitar que isto aconteça", disse Bragança Fernandes.
Em declarações à agência Lusa, o autarca disse não saber até que ponto as notícias hoje veiculadas por diversos órgãos de comunicação social correspondem à verdade e que, por essa razão, irá "tentar falar com representantes políticos".
"Quero saber o que se passa, porque isto é uma vergonha. Nós devíamos ser ouvidos nestas questões e somos sempre os últimos a saber", frisou.
Para o autarca, "a ser verdade, é muito mau, principalmente no que respeita à Maia (A3). Se há alguma coisa a pagar à Brisa por parte do contrato de concessão, que pague o Governo e não os utilizadores".
A A3 "serve cinco concelhos, distribui para a Trofa, Valongo, Gondomar, Maia e Santo Tirso. Deve ser aplicado o mesmo critério do primeiro troço da A1 até aos Carvalhos", onde não existem pórticos, por ser uma via distribuidora que serve vários concelhos.
A Maia "fica rodeada de autoestradas, a A4, A41, A28 e, agora a nascente, e espero que isto não aconteça, a A3", disse Bragança Fernandes.
"Mais grave ainda, os nossos camiões do lixo dos resíduos sólidos para se deslocarem à Lipor 2, que fica na Maia, têm de pagar cerca de 150 mil euros ano de portagens. Era dinheiro que poderia ser investido em ação social", acrescentou.
Para o autarca, há "uma serie de coisas mal feitas e, com isto, a Maia passa a ser uma ilha, não é rodeada de água, mas é de autoestradas portajadas".
"Isto é mau e tudo farei para que não aconteça, tudo o que estiver ao meu alcance, estarei junto das pessoas que com certeza se irão manifestar", acrescentou.
"É muito grave e não penaliza só os maiatos, penaliza também a economia do país e do norte porque as portagens representam mais um imposto e as empresas irão com certeza retirar-se para outro país onde os impostos sejam menores", considerou.
"Os portugueses já pagam tantos impostos e agora mais esta portagem. A competitividade também diminuiu, porque é portagem sobre portagem. Para a economia crescer tem de se isentar. Só assim a economia é colocada no lugar certo, não é com aumento de impostos e de portagens", frisou.
Segundo avança hoje o Diário Económico, o Governo prepara-se para introduzir novas portagens, colocando 15 novos pórticos automáticos de cobrança nas autoestradas nacionais, sobretudo do Norte do país e da Grande Lisboa.
Os jornais de hoje adiantam que a medida consta de um documento confidencial do executivo, entregue à troika em novembro, durante a sexta avaliação do memorando de entendimento.
A maior parte das portagens estão pensadas para as ex-SCUT do Norte Litoral, entre o Porto e Viana do Castelo, as do Grande Porto, nomeadamente o troço até Lousada, e as da Costa de Prata, entre Mira, no distrito de Aveiro, e o Porto.
O documento pondera também o regresso das portagens entre o Porto e a Maia, na A3, e a colocação de dois novos pórticos na A16, na Grande Lisboa, em Cascais e Sintra.
Com as novas portagens, o Governo espera um aumento das receitas entre os 47 milhões e os 70 milhões de euros anuais.