O presidente do BPI considera que o sector bancário foi o "pior tratado" no acordo entre o Governo e a 'troika', defendendo que as exigências de reforço de capital eram dispensáveis e que "nenhum banco está interessado em usar o apoio".
Corpo do artigo
Na conferência anual do 'Master in Public Admjinistration', na Universidade Católica, no Porto, Fernando Ulrich, defendeu que "o setor pior tratado e injustamente foi o sector bancário", considerando que "são feitas exigências de reforço dos capitais próprios dos bancos que penso que não eram indispensáveis".
Em declarações aos jornalistas, o presidente executivo do BPI afirmou que "nenhum banco está interessado em usar o apoio" de 12 mil milhões de euros que o acordo hoje apresentado prevê para a recapitalização da banca.
Fernando Ulrrich acrescentou que compreende as exigências de reforço de capital "no contexto que o mundo está a viver", mas contrapõe: "É injusto para o sector bancário, mas vamos cumprir".
A ajuda da 'troika' prevê que o Banco de Portugal passe agora a exigir aos bancos, sujeitos a supervisão em Portugal, um rácio 'core tier I' de 9 por cento no final de 2011 e de 10 por cento no máximo até ao final de 2012 e mantê-lo a partir daí.
Para o banqueiro, esta exigência "coloca em desvantagem competitiva os bancos portugueses face aos espanhóis que têm que ter um rácio 'core tier 1' de oito por cento que era o até agora exigido aos bancos portugueses".
O rácio 'core tier 1' estabelece um nível mínimo de capital que as instituições devem ter em função dos requisitos de fundos próprios decorrentes dos riscos associados à sua actividade. Desta forma, este rácio é apurado através do quociente entre o conjunto de fundos próprios das instituições financeiras, designado de 'core' e as posições ponderadas em função do seu risco.
O empréstimo da 'troika' a Portugal - que está hoje a ser apresentado - será de 78 mil milhões de euros durante três anos e inclui 12 mil milhões de euros para a recapitalização da banca, caso seja necessária.