O primeiro-ministro disse esta quarta-feiradesconhecer a estimativa da UTAO de que o défice em contabilidade nacional terá atingido 8% do PIB nos primeiros três meses do ano, mas adiantou que os números do INE "não condizem com esse valor".
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"Não vou comentar valores que não conheço. O que vou dizer, no entanto, é que foram divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística os valores relativos ao primeiro trimestre e não condizem com esse valor", afirmou Pedro Passos Coelho aos jornalistas, à margem da inauguração de um hotel em Lisboa.
Um relatório da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), enviado hoje aos deputados, aponta para que o défice orçamental em contabilidade nacional, a que conta para Bruxelas, terá atingido 8% do Produto Interno Bruto nos primeiros três meses do ano, consumindo assim mais de um terço do défice anual.
"A execução orçamental que foi divulgada em contabilidade pública aponta para valores inferiores àqueles que estavam apontados no sétimo exame regular, o que significa, portanto, que quando comparamos o défice deste ano com o défice do ano passado, ele é maior porque a previsão para o défice nominal é maior do que aquele que tivemos no ano passado, mas está abaixo dos limites que ficaram negociados para o exame regular e que permitem projetar até ao final do ano um défice de 5,5%", disse Passos Coelho.
O chefe de Governo sublinhou que as previsões podem ser alteradas pela ação do Governo que, afirmou, está a "trabalhar para que alguns dos pressupostos destas previsões não se verifiquem".
Relativamente às previsões da OCDE, divulgadas na quarta-feira, "não são tão diferentes assim como aqueles que foram apresentados pela Comissão Europeia, preveem um défice mais elevado para este ano porque não estão a contar com os elementos do orçamento retificativo que o Governo vai apresentar amanhã [sexta-feira]", afirmou.
A OCDE espera que a recessão seja maior em 0,4 pontos percentuais face à última estimativa do Governo e da "troika', que previa um recuo de 2,3%.
"Com os valores de que a OCDE dispunha, oficiais, evidentemente o défice seria maior porque ele não estava ainda corrigido. Por outro lado, há ainda previsões sobre o volume da dívida e sobre o crescimento da economia que diferem em razão de um parâmetro que é o deflator do PIB, é uma matéria bastante técnica que, creio, os portugueses não estarão à espera de ver comentada pelo primeiro-ministro", disse.
"O que quero dizer é que nem a Comissão Europeia, nem o Fundo Monetário Internacional, nem o Banco Central Europeu, nem o Governo, veem necessidade de ajustar as previsões que fizeram durante o sétimo exame regular que, de resto, estão em linha com as previsões do Banco de Portugal", acrescentou.
O chefe de Governo defendeu a necessidade de não criar um "ambiente negativo".
"Com as medidas que o Governo tem vindo a tomar, temos razões para acreditar que a nossa recuperação será lenta, não será uma recuperação forte, mas será uma recuperação. E se todos tivermos interessados em que ela aconteça, ela acontecerá mais naturalmente", sustentou.
"Se tudo decorrer como estamos a prever atingiremos até ao final deste ano uma inversão do clima económico, o que significa que a tendência de recuperação se irá manifestar ainda até ao final deste ano", afirmou.
Passos Coelho enquadrou essa tendência de recuperação com os dados das exportações que, disse, "são positivos", assim como com a "restrição de financiamento", que "não se tem vindo a acentuar, pelo contrário".