Produtores de leite protestam na abertura da Agrovouga contra a "asfixia" do setor
A Associação da Lavoura do Distrito de Aveiro realiza, esta sexta-feira, uma concentração de agricultores na abertura da feira Agrovouga, em Aveiro, para lutar contra a "asfixia" do setor, nomeadamente das explorações leiteiras.
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O protesto, que deverá começar no Largo da Estação com desfile até ao Parque de Feiras e Exposições (AveiroExpo), visa chamar a atenção para a situação que consideram ser dramática e que "resulta da falta de medidas do Governo para travar a escalada de preços dos fatores de produção", disse à Lusa Albino Silva, da Associação da Lavoura do Distrito de Aveiro (ALDA).
"Estão a pagar o leite aos produtores ao preço a que pagavam há 20 anos, ou seja, a 27 cêntimos e até a menos, o que é quase dado, quando o que eles pagam pelo gasóleo, eletricidade, as rações, adubos e pesticidas é bastante mais e assim as explorações não aguentam", comentou.
As contas, diz, são fáceis de fazer: em 1996, ano em que o leite era pago aos produtores pelos valores atuais, o gasóleo agrícola estava a 36 cêntimos, enquanto hoje o pagam a 1.10 euros, e os outros fatores não têm parado de aumentar.
As rações, custam agora mais 90 euros a tonelada, se comparados os preços apenas com o ano passado, e o custo da eletricidade não tem parado de aumentar, quer a energia que é consumida nos motores de rega, que podem ter tarifa especial, quer a que é gasta nas salas de ordenha, que têm o mesmo regime do consumidor doméstico, sentindo os aumentos como o cidadão comum.
Albino Silva dá conta de que "todos os dias há explorações leiteiras a fechar e se o Ministério da Agricultura não encarar o problema e adotar medidas concretas de apoio, até ao fim do ano mais explorações vão ter de encerrar".
No distrito de Aveiro, os concelhos de Ovar, Murtosa e Estarreja reúnem mais de 700 explorações de gado leiteiro.