Os produtos no Pingo Doce "rodaram nas lojas cinco vezes mais do que num dia habitual de vendas" na campanha do 1.º de Maio, segundo uma comunicação interna da empresa.
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Nesta comunicação, a que a Lusa teve acesso, enviada aos trabalhadores a 3 de maio e assinada pelo administrador-delegado da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, é referido que "no dia 1 de maio os produtos rodaram nas lojas cinco vezes mais do que num dia habitual de vendas", o que significa "multiplicar pelo menos por cinco o trabalho exigido aos mais de 15 mil colaboradores que estiveram ao serviço nesse dia".
Por isso, "em reconhecimento pelo extraordinário trabalho desenvolvido, em condições de grande pressão, pelas nossas equipas operacionais das lojas, da logística e do 'supply chain', decidimos remunerar a 500% o dia de trabalho de 1 de maio", salienta Pedro Soares dos Santos na missiva.
"Temos a melhor equipa de retalho alimentar em Portugal", sublinha o gestor na comunicação, acrescentando que se não fossem os trabalhadores "esta ação não teria tido o impacto social positivo" que o grupo acredita ter tido.
A ação do Pingo Doce, que decorreu no Dia do Trabalhador, dava desconto de 50 por cento a compras efetuadas acima dos 100 euros, o que levou a uma enorme afluência aos supermercados Pingo Doce, esgotando 'stocks' e registando alguns desacatos que levaram à intervenção policial.
"Se não fosse pela vossa entrega, pela vossa dedicação e pelo vosso amor à camisola 'Pingo Doce', a alegria da esmagadora maioria dos clientes que nos visitaram nesse dia não seria a mesa", refere Pedro Soares dos Santos na comunicação.
Além da remuneração de 500%, a Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, adianta que é "oferecida a todos os que estiveram a trabalhar nesse dia [a possibilidade] de beneficiarem do mesmo desconto de 50 por cento em compras superiores a 100 euros numa data à escolha de cada um, entre 7 e 11 de maio".
No entanto, numa comunicação interna a dar conta da ação promocional do 1.º de Maio, a que a Lusa teve também acesso, a Jerónimo Martins não faz distinção entre os colaboradores nesta ação de promoção.
Nesta missiva, assinada pelo diretor Nuno Aguiar, a empresa refere que a ação "irá originar um elevado aumento de fluxo de clientes" às lojas da rede Pingo Doce.
Nesse sentido, e "não querendo, de forma alguma, prejudicar o sucesso desta promoção e, em simultâneo, maximizá-la junto dos nossos clientes, informamos que esta campanha não estará disponível para os nossos colaboradores neste dia 1 de maio, mas sim num dia a escolher pelo colaborador", entre 7 e 11 de maio, conclui a comunicação interna, datada de 27 de abril.
O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) consideram que o facto da ação de descontos não ser alargada a todos os trabalhadores configura uma "discriminação", pelo que enviou uma queixa ao inspetor-geral do Trabalho.
A Lusa contactou a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) para obter uma posição, mas até ao momento ainda não obteve resposta.