O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, realçou, esta terça-feira, que, embora o Governo anuncie que o programa de ajuda financeira "está a ir bem", Portugal "é que está a ir mal e o povo a viver mal".
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"Diz o ministro [das Finanças, Vítor Gaspar] que o cumprimento do pacto de agressão está a ir bem. As pessoas, os portugueses, é que estão a passar mal", criticou o líder do PCP.
Jerónimo de Sousa falava aos jornalistas em Évora, após reunir com responsáveis de associações e estruturas de bombeiros do distrito, para analisar as dificuldades financeiras que as corporações atravessam.
O secretário-geral do PCP reagiu à conferência de imprensa dada, na manhã desta terça-feira, pelo ministro das Finanças, que anunciou que a terceira avaliação do programa de ajuda a Portugal foi positiva, tendo a ' troika ' aprovado, assim, uma nova tranche de 14,6 mil milhões de euros.
Segundo Jerónimo de Sousa, Portugal "está a ir mal e o povo português a viver mal", designadamente "tendo em conta os níveis de desemprego que também foram hoje anunciados [pelo Governo], as injustiças que existem e a recessão económica que está em curso".
Uma "ideia clara" que o líder comunista referiu ter ficado patente das declarações de Vítor Gaspar foi também que "os principais responsáveis da crise vão continuar intocáveis".
"Foi anunciado um novo orçamento retificativo, em que, face ao aumento de despesas não previstas, vão ter que ser encontradas novas medidas e isto tem uma leitura perversa", afirmou.
Garantindo que "foi claramente indiciado que vêm aí novas medidas de austeridade", Jerónimo de Sousa disse que a banca "continuará intocável", pelo que "alguém vai ter que pagar".
"Quem será? Obviamente, do ponto de vista do Governo, [os que vão pagar são] os mesmos do costume", ou seja, "os trabalhadores, reformados, as novas gerações, os pequenos e médios empresários e agricultores".
"Quem menos tem e menos pode, quem vive dos rendimentos do seu trabalho ou da sua reforma e da sua pensão", afiançou.
Por isso, sublinhou, o PCP defende que, hoje, "transforma-se num desígnio nacional, não o cumprimento, mas a derrota deste pacto de agressão que está a afundar o país".
Isto porque, acusou, o programa de ajuda financeira estabelecido com a " troika " está "a levar o país à recessão" e o próprio ministro das Finanças "reconheceu que o desemprego ia continuar a aumentar".
Na conferência de imprensa desta terça-feira, o ministro Vítor Gaspar adiantou ainda que o Governo reviu em baixa a previsão de crescimento para 2012, prevendo agora uma contração de 3,3%, e que a taxa de desemprego vai atingir os 14,5% em 2012.