Quebra de rendimentos leva consumidores a procurarem melhores descontos. Antes do confinamento, foram gastos 250 milhões de euros.
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As compras no supermercado já estão a refletir a quebra de rendimento das famílias: compra-se mais marca própria das cadeias de distribuição e as promoções voltaram a ganhar expressão nas prateleiras, pesando mais de 30% nas vendas.
As decisões de consumo dos portugueses têm acompanhado a evolução da pandemia. No início, foi a corrida aos supermercados, com os clientes a encherem os carrinhos, com receio de uma escassez de bens essenciais. Entre 24 de fevereiro a 1 de março, gastaram-se 250 milhões de euros nos súper e hipermercados, mais 30 milhões do que em igual período do ano passado. Comprou-se sem olhar muito à promoção do dia.
"No início do impacto desta pandemia - que corresponde ao período de armazenamento, de 24 de fevereiro a 15 de março -, verificamos uma quebra na tendência promocional, particularmente visível nas categorias de alimentação e higiene pessoal e do lar", explica Inês Pimentel, da consultora Nielsen, ao JN/Dinheiro Vivo. Mas, com a despensa já cheia, rapidamente as promoções voltaram a ganhar peso, com as cadeias a apostarem no folheto promocional para empurrar as vendas.
quarentena e promoções
"Já na fase inicial de quarentena - de 16 de março a 3 de maio -, as promoções voltaram a ganhar expressão. Também durante esta fase, a redução temporária de preço voltou a conquistar destaque após a semana da Páscoa, durante a qual o folheto de promoção teve mais importância", frisa.
Uma dinâmica que atingiu o pico a 1 de maio. É preciso recuar quase uma década para se voltar a registar um ambiente promocional tão intenso no Dia do Trabalhador. Nesse dia, destaca Inês Pimentel, registou-se "um dos principais períodos de vendas e atividade promocional desde 2012". Foi o ano, recorde-se, em que o Pingo Doce fez desconto de 50% em todos os produtos.
"No início do mês de maio, marcado pelo feriado (que regista um dos principais períodos de vendas e atividade promocional desde 2012), verifica-se novamente uma subida do peso do folheto. Esta forma de promoção atingiu, na semana entre 4 e 10 de maio, um peso superior a 30%, dando indícios de que a fraca "performance"durante o período de armazenamento, em que o preço não contava muito, não voltará a acontecer", antecipa.