PS acusa Governo de nada ter feito para evitar a suspensão do investimento em Aveiro
O PS acusou, esta terça-feira, o Governo de nada ter feito para impedir a suspensão do investimento da Renault-Nissan numa fábrica de baterias, contrapondo que o anterior executivo socialista tudo fez para conseguir este projecto para Portugal. O Bloco de Esquerda pediu esclarecimentos ao Governo sobre as contrapartidas pedidas pela empresa para construir a fábrica em Aveiro.
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A posição dos socialistas foi transmitida aos jornalistas pelo vice-presidente da bancada Pedro Nuno Santos, depois de a Nissan ter anunciado segunda-feira que vai suspender a fábrica de baterias em Aveiro para os seus carros eléctricos.
"O PS lamenta profundamente o anúncio de suspensão da abertura da fábrica de baterias eléctricas da Nissan. O Governo diz que espera que Portugal se mantenha no mapa de investimentos da Nissan e que só soube segunda-feira desse anúncio sobre a suspensão, mas o Governo fez o quê para impedir que essa suspensão se concretizasse?", questionou o dirigente da bancada do PS.
Segundo Pedro Nuno Santos, o executivo de José Sócrates "não conseguiu este investimento ficando de braços cruzados".
"O anterior Governo conseguiu este investimento com muito trabalho e com uma estratégia que incluía a criação de um cluster de mobilidade eléctrica em Portugal. O actual Governo não pode por isso dizer que tem uma estratégia para a economia, que o senhor ministro da Economia [Álvaro Santos Pereira] não está visível mas está a trabalhar e, depois, o país ser confrontado com este anúncio", criticou Pedro Nuno Santos.
O dirigente socialista considerou depois que o investimento da Renault-Nissan "era estruturante para a economia do país".
"É absolutamente inaceitável que, num momento em que se pedem tantos sacrifícios aos portugueses, esses sacrifícios sejam em vão, porque o Governo não tem estratégia para a economia e não faz os mínimos para assegurar a modernização da nossa economia. Em Junho, os portugueses votaram na mudança, mas não votaram na mudança para pior", acrescentou.
Bloco pede esclarecimentos
O Bloco de Esquerda pediu esclarecimentos ao Governo sobre as contrapartidas pedidas pela Nissan para a construção de uma fábrica de baterias em Aveiro e a forma como será compensado o município pelo abandono deste projecto.
"Este investimento foi considerado estratégico para o país, pelo que a sua suspensão coloca várias questões que o Governo tem de esclarecer. A primeira das quais é se o Governo teve conhecimento antecipado da decisão da Nissan e se irá exigir a devolução das contrapartidas prestadas à Nissan", lê-se num requerimento enviado ao Ministério da Economia e do Emprego assinado pelo deputado Pedro Filipe Soares.
"Mas é também necessário que o Governo preste esclarecimentos ao país sobre esta suspensão de investimento estrangeiro em Portugal. Como é possível que o Governo, que tantas vezes fala em diplomacia económica, falhe agora o cumprimento de um investimento estrangeiro que estava completamente acertado?", questiona ainda o BE.
No mesmo texto, o Bloco sublinha que "o processo que levou a Nissan a indicar Portugal como um dos países que iria receber uma das fábricas de construção de baterias para veículos eléctricos teve o apoio público do Governo da altura. Aliás, foi uma vasta comitiva ministerial participou no lançamento da primeira pedra".
"Assim, é necessário que se tornem públicas as contrapartidas que foram dadas à Nissan para que o investimento ocorresse em Aveiro. Segundo o Ministro da Economia da altura, haveria «apoios financeiros, fiscais ou apoios do QREN», pelo que é necessário esclarecer os portugueses de que apoios se falava", acrescenta.
No mesmo requerimento, o Bloco quer ainda saber "como pensa o Governo compensar a região de Aveiro pela suspensão de um investimento de 156 milhões de euros que permitiria a criação de 200 postos de trabalho".