O PS vai questionar a coligação PSD/CDS sobre se o fim dos voos de longo curso no aeroporto do Porto esteve "em cima da mesa das negociações" da privatização da TAP.
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"A possibilidade está em estudo por parte da empresa. É obrigatório questionar o anterior governo PSD/CDS sobre se isto esteve em cima da mesa das negociações da privatização, uma vez que esta medida prejudica o interesse público", afirmou o deputado João Paulo Correia, responsável pela área dos Transportes, referindo-se a declarações feitas hoje pelo presidente da Câmara do Porto.
Rui Moreira denunciou hoje a "intenção" da TAP, recentemente privatizada, de abandonar os voos de longo curso a partir do aeroporto Francisco Sá Carneiro.
Para João Paulo Correia, a resposta da TAP a este alerta "confirma que a possibilidade está em estudo", pelo que "é obrigatório questionar o anterior governo PSD/CDS sobre se isto esteve em cima da mesa das negociações" da privatização, uma vez que a medida "prejudica o interesse público".
"A TAP não confirma nem desmente. Para o grupo parlamentar do PS, isso significa que o caso está em estudo. Se está em estudo interno dentro da empresa já nos primeiros dias [depois da privatização], é legítimo questionar o anterior Governo sobre se isto esteve, ou não, em cima da mesa durante o processo de privatização", esclareceu João Paulo Correia.
Para o deputado, se o assunto foi abordado com o governo de Passos Coelho, "é grave".
"É grave que o Governo tenha ventilado esta hipótese no segredo dos gabinetes. O PS sempre disse que este era um processo pouco transparente. O fim do longo curso a partir do Porto é um exemplo do interesse público prejudicado", afirmou João Paulo Correia.
O socialista lembrou que o PS "quer reverter o processo" de privatização e manter o Estado como acionista maioritário da TAP.
O acordo de conclusão da venda direta de 61% do capital da TAP ao Agrupamento Gateway foi formalizado a 12 de novembro.
No dia 16 de novembro, o secretário-geral do PS, António Costa, entretanto indigitado primeiro-ministro, disse acreditar ser "possível e razoável" o Estado manter 51% da TAP, mesmo tendo já sido assinada a venda direta de 61% do capital da transportadora.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, avisou hoje que, se a TAP pretende "abandonar a cidade do Porto e o aeroporto Francisco Sá Carneiro", a região também pode "abandonar a TAP".
Moreira falava aos jornalistas à margem da reunião camarário, frisando que a informação sobre a "intenção" da empresa em deixar o longo curso a partir do Porto é "absolutamente credível", "preocupada" e "vem de dentro da TAP".
Admitindo não saber se "a decisão está tomada", o autarca afirmou que, se a intenção da transportadora se concretizar, "o Porto terá de se preparar para encontrar outros operadores interessados no longo curso ou perceber qual o 'hub' [plataforma de transbordo de passageiros] mais conveniente para a região".
"O meu dever é informar os acionistas da TAP, que estão neste momento a desenvolver um plano estratégico, que devem olhar para esta região e perceber que esta região pode estar com a TAP ou pode não estar com a TAP", sublinhou o autarca.
Contactado pela Lusa, o porta-voz da companhia aérea, António Monteiro, disse desconhecer qualquer plano de pôr fim aos voos de longo curso a partir do aeroporto do Porto e sublinhou não haver decisão alguma nesse sentido.