Uma criança de cada vez, um sorriso de cada vez... assim trabalham os doutores palhaços. Com 12 anos de atividade, a Operação Nariz Vermelho (ONV) chega já a 13 hospitais , visitando mais de 40 mil meninos internados, por ano. É um projeto que assenta na responsabilidade social de cidadãos, empresas e autarquias.
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A ação da ONV passa por levar alegria a crianças que estão doentes e com a sua liberdade muito limitada. "O doutor palhaço abre precisamente um espaço de liberdade e de riso, reduzindo o medo daqueles meninos", avança Magda Ferro, membro desta equipa que conta com 22 artistas e mais nove profissionais nos bastidores.
Estas visitas - que se fazem em hospitais de Braga, Porto, Coimbra e Lisboa - são gratuitas para as instituições, sendo a Operação Nariz Vermelho que suporta todos os custos, como remunerar os artistas e dar-lhes formação. "Todos os doutores palhaços são artistas profissionais, têm vinculo à ONV e recebem formação para adequarem a sua ação ao contexto e às rotinas hospitalares", explica.
A sustentabilidade da Operação Nariz Vermelho assenta no apoio permanente de 10 empresas, de duas autarquias (Cascais e Sintra), ainda nos donativos pontuais de outras empresas; e nas campanhas que vai lançando. Em tempos de crise, tudo exige grandes exercícios de criatividade.
A câmara de Cascais, por exemplo, teve que cortar metade do apoio. O que se fez para compensar foi lançar a campanha "meta o nariz por esta causa", que pretende que todos os colaboradores de uma empresa possam vender narizes de palhaço, angariando fundos. A verba dos que foram vendidos pelos funcionários da Câmara de Cascais superou os 50% que a autarquia tinha cortado", conta ao JN Magda Ferro.
Ir aos blocos operatórios
A ONV faz também formação externa. No ano passado, realizou dezenas de palestras e workshops sobre a importância do humor neste contexto. "Quando os doutores palhaços entram no quarto de uma criança encontram, muitas vezes, um ambiente pesado, mas quando saem já está mais leve", traduz, por sua vez, a doutora palhaça Eva Sarmiento.
O próximo passo é chegar aos blocos operatórios, porque "quando um doutor palhaço acompanha a criança até ao bloco ela não vai cheia de medo ou a chorar. Muitas vezes, vai a cantar". " Já médicos disseram que a necessidade de medicação sedativa acaba por ser menor", revela Magda Ferro.