Crescimento revisto em alta em todos os países da UE pela Comissão Europeia, exceto em Portugal e Finlândia.
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A quarta vaga da pandemia que atinge o país desde meados de junho obrigou a Comissão Europeia (CE) a recalcular as suas previsões para a economia portuguesa. A situação é grave e Portugal acabou por ser, juntamente com a Finlândia, o único país dos 27 da União Europeia a não ser premiado com uma revisão em alta da previsão de crescimento para este ano. Ficou na mesma e a esperar para ver.
Com base nos números ontem revelados pela CE no âmbito das previsões de verão e daquilo que poderia ser o crescimento expectável se não tivesse acontecido a quarta vaga da pandemia, o país poderia ter criado mais 1,5 mil milhões de euros em nova riqueza. É a diferença entre crescer 4,8% em 2021 (como previu o Banco de Portugal antes da quarta vaga) e crescer 3,9%, como prevê agora a CE, já com este agravamento da covid refletido nas contas.
Nestas previsões de verão, Bruxelas conseguiu reunir dados até 28 de junho, ou seja, mais de um mês de nova informação e muita dela negativa, de facto, comparando com o exercício do BdP, apenas com informação até 21 de maio.
Ontem, o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, explicou que as projeções da CE "foram fechadas já depois de se começar a observar um aumento das infeções" e "algumas dificuldades no setor do turismo".
Esperança no turismo
"Estes desenvolvimentos recentes levaram a Comissão a ter uma previsão mais realista, diferente da do Banco de Portugal, que é mais otimista". Gentiloni confirmou que "o principal fator" que levou a manter as projeções de maio foi, justamente, o agravamento da pandemia e o facto de terem sido impostas novas restrições aos negócios e à circulação de pessoas.
O comissário quis, no entanto, deixar uma nota de esperança: "A nossa previsão tem em conta a evolução da situação nas últimas semanas, mas estou certo de que a entrada em vigor do certificado digital covid-19 da UE vai contribuir para uma melhor evolução, sobretudo em países que, como Portugal, estão fortemente ligados ao turismo internacional".
Moratórias
Programa de transição ainda neste mês
O ministro das Finanças, João Leão, garantiu ontem que o Governo vai aprovar ainda neste mês um programa transitório para o fim das moratórias, prolongando o período de carência e dando mais tempo para amortizar os empréstimos. "É um programa dirigido aos setores mais atingidos pela crise", detalhou, questionado no Parlamento sobre "os esforços do Governo" para prolongar o regime.