Quebra de quase 10% em 2011 é "o pior registo de que há memória" na construção
A produção do sector da construção deverá ter caído 9,4% em 2011, o "pior registo de que há memória", segundo dados divulgados hoje pela Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas (FEPICOP).
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De acordo com a análise de conjuntura da FEPICOP, "o ano de 2011 apresentou o pior registo de que há memória, com as mais recentes estimativas a apontarem para uma quebra de produção de cerca de 9,4%, fruto de reduções de actividade de 17% na habitação, de 8,5% nos edifícios não residenciais e de cinco por cento na engenharia civil".
A federação do sector adianta que, no quarto trimestre de 2011, a carteira de encomendas do sector caiu 13%.
No segmento da habitação, o número de licenciamento de fogos em construções novas recuou 31,6% até Novembro de 2011, situando-se nos 15.740.
A FEPICOP afirma ainda que, no ano passado, o montante global dos concursos abertos recuou 29%, o que traduz uma queda de 1,2 mil milhões de euros em relação a 2010.
No que respeita ao emprego no sector, a federação cita dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) de acordo com os quais o número de desempregados oriundos da Construção alcançou em Novembro "um novo máximo histórico, de cerca de 78 mil inscrições nos centros de emprego".
A federação presidida por Ricardo Pedrosa Gomes afirma que na origem desta situação de crise do sector estão "os elevados encargos financeiros, a elevada carga fiscal, os atrasos nos pagamentos do Estado e as dificuldades de obtenção de financiamentos".
Na semana passada, a FEPICOP pediu ao Governo para declarar o sector como actividade em "reestruturação" e reivindicou a possibilidade de ultrapassar os limites legais para o acesso ao subsídio de desemprego em cessações de contratos por mútuo acordo.
Nos últimos tempos, têm sido noticiados casos de diversas construtoras com salários em atraso.
Hoje, a construtora FDO admitiu à Lusa manter em atraso meio salário de Novembro, o ordenado de Dezembro e o subsídio de natal às várias centenas de trabalhadores, apesar das garantias de que seriam liquidados na semana passada.
Também hoje a Edifer enviou um comunicado aos trabalhadores onde admite que a situação de tesouraria da empresa "continua insustentável" e afirma estar a fazer tudo para conseguir pagar os salários em atraso.