Portugal está a prosseguir a recuperação económica, tendo mesmo superado a Espanha nos esforços de ajustamento, apesar de alguns "danos auto infligidos", segundo o "Euro Plus Monitor" divulgado pelo Lisbon Council, que critica o abrandamento de reformas.
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A classificação de 2016, elaborada pelo "think tank" (grupo de reflexão) Lisbon Council em parceria com o Berenberg, coloca Portugal no quinto posto do indicador de progressos de ajustamento em 2016, com uma pontuação total de 6,1 pontos em 10 possíveis, menos 0,4 décimas que em 2015 (6,6), o que permitiu ainda assim a Portugal ascender do sexto ao quinto posto, por troca com Espanha, que perdeu 0,7 pontos de 2015 (6,9) para 2016 (6,1).
Relatório aponta "folga política" nas medidas de ajustamento resultante do facto de o pico da crise já ter sido ultrapassado
Portugal é superado apenas por Grécia (7,9 pontos), Irlanda (7,3), Letónia (6,8) e Roménia (6,4), e ascendeu ao quinto posto beneficiando da queda de Espanha, que segundo a publicação se deveu, em larga medida, ao "resultado dos estímulos orçamentais pré-eleitorais que o país concedeu a si próprio este ano na ausência de grandes reformas para o crescimento".
O indicador de ajustamento económico abrange os progressos pelos Estados-membros nas quatro mais importantes medidas de ajustamento de curto a médio prazo, designadamente a nível de redução do défice, reformas estruturais, exportações e custos de mão-de-obra.
Portugal e Espanha estarem a afastar-se do caminho da "prudência" orçamental é "politicamente compreensível" mas parece "um pouco prematuro"
O estudo sublinha que os países que foram alvo de assistência financeira continuam a ser aqueles que mais progressos fizeram a nível de ajustamento - muito acima da média da zona euro, de 3,7 pontos -, mas encontram-se também entre os Estados-membros que mais abrandaram o ritmo dos mesmos, fruto daquilo que o relatório aponta como uma "folga política" resultante do facto de o pico da crise nestes países já ter sido ultrapassado.
O documento, que sustenta que a austeridade foi efetivamente a "receita" certa para os Estados-membros que necessitaram de ajuda externa e que os resultados estão à vista, adverte que o facto de países como Portugal e Espanha estarem a afastar-se do caminho da "prudência" orçamental é "politicamente compreensível" mas parece "um pouco prematuro" e acarreta riscos económicos.