O deputado Pedro Saraiva, do PSD, será o relator das conclusões da comissão de inquérito ao caso BES/GES, uma escolha que teve a oposição do PCP e do BE. A decisão foi tomada esta quarta-feira na reunião da comissão, tendo o PS se abstido na votação.
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O deputado do PCP, Miguel Tiago, que se propôs para ser o relator das conclusões, considerou que a indicação de um deputado do PSD "é um mau prenúncio", visto que na comissão já está constituída um maioria de deputados dos partidos que suportam o Governo, sobre o qual incide também o objecto dos trabalhos.
"Seria importante para o sucesso da comissão que o relator fosse de um partido que não da maioria", disse, lembrando casos recentes de outras comissões de inquérito, como por exemplo a dos submarinos, em que a redação do relatório não foi pacífica pelo facto de os partidos da Oposição não se reverem nas conclusões.
Também Mariana Mortágua, do BE, autopropôs-se para ser relatora, por discordar da escolha de um deputado da maioria. "Era importante que neste caso o relator coubesse a outro grupo parlamentar", disse.
Pedro Nuno Santos, do PS, disse que veria "com agrado" que tanto o deputado do PCP ou a deputada do BE assumissem essas funções, mas reconheceu que "há regras claras" para a escolha do relator das comissões. "No atual modelo, o relator tem de ter a maioria dos votos", disse, confiando que o relatório irá espelhar as conclusões do que se vier a passar na comissão.
Cecília Meireles, do CDS-PP, que apoiou o nome de Pedro Saraiva, disse confiar nas garantias de "isenção" e "independência" do deputado e disse que "o importante é que o relatório reflita a opinião de todos".
Carlos Abreu Amorim, do PSD, rejeitou a ideia que a escolha de um deputado do PSD seja "um mau presságio". "A nomeação do deputado Pedro Saraiva é um bom augúrio", disse, enaltecendo as suas capacidades.
Formado em Engenharia Química, Pedro Saraiva é eleito por Coimbra e está no seu segundo mandato como deputado. É professor catedrático na Universidade de Coimbra desde 2010, foi vice-reitor entre 2007 e 2009, e é atualmente coordenador do PSD na Comissão de Economia e Obras Públicas.
Definindo-se como "um beirão com pensamento próprio", prometeu fazer tudo ao seu alcance para estar à altura do desafio. "Não será seguramente por minha causa que o relatório deixará de ser tão consensual quanto possível", disse, logo após a confirmação do seu nome.