Com mais de uma dezena de anos no ativo, o Renault Captur sempre foi dos principais protagonistas dos SUV do segmento B. Chega agora a Portugal numa gama simplificada (três níveis de equipamento e quatro motorizações), com uma forte aposta na eletrificação e no bi-fuel. E com uma mãozinha de Jean-Michel Jarre...
Corpo do artigo
Os primeiros ensaios dinâmicos do Captur - que já vendeu mais de dois milhões de exemplares desde o seu lançamento, em 2013 - decorreram em Madrid, com apenas uma motorização disponível, a E-Tech full hybrid 145, em dois níveis de equipamento, a Esprit Alpine e a Techno (existe ainda a Evolution como entrada de gama).
Foram cerca de 400 quilómetros, alguns deles (poucos) no intenso trânsito da capital espanhola, mas que permitiram perceber a validade desta mecânica híbrida em meio urbano pois a luz verde EV quase permanentemente acesa no painel de instrumentos indicava que estávamos a circular em modo elétrico.
Em estrada, os 145 cavalos potência apelam a uma condução tranquila. Rodamos mais tempo no modo de condução Comfort (o Eco é mais adequado para a cidade) e, experimentando o modo Sport, o Captur ganha mais genica, é certo, mas a caixa de velocidades torna-se mais presente no habitáculo e, em aceleração, há um fosso em que nada se parece passar, até o motor fazer aquilo que o acelerador lhe pede.
A Renault refere que a "resposta força/velocidade dos quatro amortecedores, bem como a geometria e a calibração do conjunto chassis e suspensão" foram revistas (bem como a direção assistida) mas, sem termos como referência o modelo anterior, gostaríamos de ter um Captur mais "amigo" do conforto.
Não é um carro desconfortável, longe disso, mas um pouco menos de firmeza seria bem vinda. Uma questão a ver aquando de um ensaio em Portugal, porquanto o piso das estradas/autoestradas por onde passamos era quase irrepreensível. O que, como bem sabemos, está longe de ser a nossa realidade.
Mas o Captur caiu-nos no goto, até porque o pouco que se perdeu em conforto, ganhou-se em aprumo e comportamento na estrada. Além de que o interior é espaçoso, utiliza materiais de bom nível, com uma montagem sólida e bagageira capaz de aguentar umas férias, tendo uma capacidade que varia (conforme as versões, entre os 348 (Full Hybrid) e os 484 litros. Pode ainda ser aumentada com o avanço (16 cm) da segunda fila de bancos ou o seu rebatimento.
E, falando em numeros, a nova proposta da Renault mede 4,23 metros de comprimento, tem uma distância entre eixos de 2,63 m, uma altura de 1,57 m e uma largura de 2,03 metros com os espelhos abertos.
Equipamento de topo
Mas onde este modelo reina é no equipamento, de fazer inveja a alguns modelos de segmentos bem acima, mesmo nas versões de entrada de gama.
É o caso dos novos ecrãs no tablier e painel de instrumentos e, em função das versões, o sistema multimédia OpenR Link, com Google incorporado, que oferece tecnologia com Android Automotive 12. É compatível com Apple Carplay e Android Auto sem fios.
Oferece todos os serviços Google, incluindo o Google Maps, o Google Assistant e mais de 50 aplicações descarregáveis.
Este upgrade tecnológico eleva o Captur para outro patamar e inclui, por exemplo, a condução híbrida preditiva (optimiza a utilização da energia elétrica para minimizar o consumo de combustível).
Há 28 ADAS (Advanced driver-assistance system, ou ajudas à condunção) e no Techno e no Esprit Alpine é possível ter o sistema Active Driver Assist com navegação e o pack Advance Driving opcional, que permite a condução autónoma de nível 2 em todos os tipos de estrada. Combina o controlo de velocidade de cruzeiro adaptativo, a assistência à manutenção na faixa de rodagem, os dados de geolocalização e o mapeamento específico. Dito por outras palavras, o Captur adapta-se à estrada.
O painel de instrumentos digital pode medir até 10,25 polegadas e o ecrã pode ser personalizado com o sistema Multi-Sense, tal como a iluminação ambiente.
O ecrã tátil central tem 10,4 polegadas e desapareceram os botões rotativos que controlavam a climatização.
O som de Jean-Michel Jarre
Para quem não dispensa a música no carro está disponível (consoante a versão) o sistema de alta-fidelidade Harman Kardon que inclui nove altifalantes (dois tweeters e dois woofers à frente e atrás e um subwoofer na bagageira). Inclui cinco modos criados especialmente para a Renault por Jean-Michel Jarre: Estúdio, Podcast, Concerto, Immersion e Club.
Que também colaborou na feitura das novas sequências sonoras de boas-vindas, uma das quais específica do nível de equipamento Esprit Alpine, bem como do novo VSP (Vehicle Sound for Pedestrians, ou Som para Peões, obrigatório em veículos como motorizações híbridas audível a baixa velocidade e até 30 km/h ).
Jean-Michel Jarre também esteve envolvido no desenvolvimento dos dois sistemas áudio disponíveis: Arkamys Auditorim, de série, e Harman Kardon, disponível em opção ou consoante a versão.
Motorizações
Na base da gama está o motor a gasolina de três cilindros 1.0 TCe de 90 cv e 160 Nm de binário. Está associado a uma caixa manual de seis velocidades e anuncia um consumo de 5,8 - 5,9 L/100 km.
Segue-se o quatro cilindros 1.3 TCe 160 cv mild hybrid 48V, com 270 Nm de binário e associado a uma caixa de velocidades automática EDC. A Renault refere o mesmo consumo.
A versão Bi-fuel (GPL e gasolina) utiliza o motor 1.0 TCe com 100 cv e- 160 Nm de binário (170 Nm com GPL) e caixa manual de seis velocidades. Consumo de combustível entre os 6,0 - 6,1 L/100 km com gasolina e 7,7 - 7,9 L/100 km com GPL.
Por último surge o E-Tech full hybrid, que dispõe de um motor 1.6 l de cilindrada, com 145 cv e 205 Nm de binário. Está associado a uma caixa de velocidades automática e inteligente multi-modo. Consumo de combustível varia entre os 4,7 e os 4,9 L/100 km.
O automóvel arranca sempre em modo elétrico e nele pode funcionar, afirma a marca, até 80% do tempo em cidade. "Num ciclo urbano, por exemplo, permite uma poupança de combustível de até 40%, em comparação com um motor a gasolina convencional", sublinha a Renault.
A caixa de velocidades inteligente multi-modo de dentes direitos, na realidade não tem embraiagem e possui quatro mudanças para o motor a gasolina e duas para o motor elétrico principal. A eficiência energética, diz a Rdenault, "é otimizada pelas 14 combinações possíveis de funcionamento do motor de combustão e do motor elétrico".
A nova função E-SAVE, que é ativada por uma configuração no painel de instrumentos, mantém uma carga de bateria de, pelo menos, 40%.
O Captur já chegou aos concessionários e os preços arrancam nos 23.200 euros (versão Evolution, com motor 0.9 TCe 90) e vão até aos 33.500 euros (Esprit Alpine E-Tech full hybrid 145 cv)