É feito na Europa, usa maioritariamente materiais europeus, e é o primeiro veículo elétrico da denominada geração 2.0 da Renault. Com autonomias entre os 300 e os 470 quilómetros, o Mégane E-Tech, apresentado no Alto Douro Vinhateiro, chega a Portugal em setembro.
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O Mégane E-Tech (que vem complementar a oferta dos modelos com motores a combustão) um produto bem amadurecido da marca francesa, esteticamente bem conseguido, com o símbolo da marca em grande destaque na frente, com uma boa distância entre eixos, que lhe permite oferecer um interior espaçoso e usando materiais com evidentes preocupações ecológicas (os estofos no primeiro nível de acabamento são feitos integralmente de materiais 100% reciclados e os revestimentos do nível intermédio, com estofos em pele TEP e tecido, também são reciclados).
A Renault afirma que utiliza as baterias mais finas atualmente utilizadas em automóveis elétricos (110 mm) o que permite ao Mégane um baixo centro de gravidade e uma distribuição de peso ideal de 50% por cada eixo, com ganhos evidentes no comportamento em estrada, como pudemos comprovar num percurso com cerca de 280 quilómetros, que nos levou do Aeroporto do Porto ao Alto Douro Vinhateiro, terminando em Gaia.
Conduzimos a versão mais potente, num trajeto que misturou autoestrada com sinuosas nacionais e além do comportamento divertido, fomos igualmente surpreendidos com os baixos consumos (chegamos à primeira metade do percurso com 15,4 kWh/100 km, e a Gaia com 14,8 kWh/100 km) e a boa capacidade de regeneração. Jogando com as patilhas no volante, que permitem aumentar ou diminuir o nível de regeneração raramente usamos os travões e repomos facilmente quilómetros. Julgamos não ser difícil conseguir, e mesmo ultrapassar, as autonomias declaradas pela Renault.
Num interior agradável à vista e ao toque, damos nota negativa às três alavancas posicionadas do lado direito do volante. A cima é a da transmissão (R, para a marcha-atrás, N, de ponto morto, D, para fazer o carro avançar, e P de estacionamento), segue-se a dos comandos dos limpa-pára brisas e, por baixo desta, a dos controles do rádio. Embora a marca as justifique com as preferências dos clientes, pareceu-nos excessivo.
O Megane E-Tech está disponível com dois níveis de potência (130 e 218 cavalos), dois de capacidade da bateria (40 kWh e 60 kWh), três de autonomia, (300, 450 e 470 quilómetros) e quatro níveis de acabamento (Equilibre, Evolution, Techno e Iconic) e preços que começam nos 35 850 euros e vão até aos 48 350.
O modelo de entrada de gama apenas permite carregamentos até 7 kW, impedindo deslocações mais longas pelo tempo de carregamento, mas mantendo contido o preço.
As jantes oscilam entre as 18 (versão de entrada) e as 20 polegadas, ambos com dois desenhos disponíveis.
Conetividade
O Mégane E-TECH Elétrico tem um novo ecrã OpenR e o sistema multimédia OpenR Link, que foi desenvolvido com a Google e é baseado no Android Automotive OS, integrando por isso o Google Assistant, o Google Maps e o Google Play que, para já, apenas aceita instruções em inglês.
Assim, o perfil de cada utilizador pode assim ser ligado à sua conta pessoal no Google para uma experiência ainda mais aprofundada. Além disso, as várias características da aplicação My Renault tornam a utilização mais interativa e pró-ativa.
O OpenR combina - numa espécie de "L" invertido - o painel de instrumentos digital e o ecrã multimédia da consola central, abrigando, também, as saídas de ventilação centrais.
Destaque-se, por se estar a tornar raro, a existência de diversos botões físicos para controlar a climatização.
Interior
Para o interior do Mégane a Renault afirma ter ido bucar inspiração ao "mundo do mobiliário doméstico", com materiais invulgares ou reciclados,
Por exemplo, o painel de instrumentos das versões de entrada e de meio da gama é revestido com um acabamento têxtil, enquanto no nível de acabamento Premium é usada pele sintética TEP. Nas versões com os níveis de equipamento intermédio, os contornos superiores do tablier e as faixas superiores dos painéis das portas apresentam revestimentos em Alcântara, enquanto no nível de topo recebem um acabamento decorativo em "Nuo", um folheado fino de madeira que é colado a um suporte têxtil de algodão, utilizando um adesivo ecológico e, em seguida, é sujeito a um laser.
Os estofos no primeiro nível de acabamento são feitos de materiais 100% reciclados, tal como os do nível intermédio, com estofos em pele TEP e tecido. Por último, no acabamento Premium, os encostos e os assentos dos bancos dianteiros e traseiros são em pele genuína. Em todos os níveis os compartimentos de arrumação nos painéis das portas são forrados com alcatifa.
A mala tem um volume total de 440 litros (ou 389 dm3 VDA), capacidade que é inteiramente utilizável dado que o espaço é retangular e os cabos de carregamento têm a sua própria área de armazenamento especial, com 32 litros de capacidade.
Motor
O motor do Mégane E-TECH Elétrico é novo, sendo fabricado no Japão, para a Nissan, e na fábrica de Cléon, em França, para a Renault.
"Conhecido mais especificamente como sendo um motor síncrono excitado eletricamente (EESM), tem sido utilizado de forma consistente pelo Grupo Renault e pela Aliança nos últimos dez anos e continuará a servir a marca no futuro. Tem melhor potência em comparação com os motores de ímanes permanentes e não requer metais de terras raras, reduzindo assim o impacto ambiental e os custos de produção em grande escala", refere a marca.
Esta unidade motriz pesa 145 quilos (com embraiagem incluída), ou seja 10% menos do que a unidade utilizada atualmente no ZOE, apesar do aumento da potência e do binário (96 kW, ou 130 cv, e 250 Nm e 160 kW, ou 218 cavalos, e 300 Nm).
As baterias têm uma garantia de oito anos/160 000 km e, neste intervalo de tempo, "serão substituídas gratuitamente se se deteriorarem para menos de 70% da sua capacidade nominal, uma verificação que é facilmente acessível ao proprietário do automóvel através da aplicação My Renault, e que é útil para ajudar a estimar o valor de revenda do automóvel", sublinha a marca francesa.
A Renault assinala que os tempos de carregamento "estão entre os mais rápidos do mercado". Até 400 km de condução mista podem ser recuperados durante a noite (oito horas) com uma wallbox de 7,4 kW; até 160 km de condução urbana são recuperados em uma hora, numa estação de carregamento pública de 22 kW; em 30 minutos, e num posto de carregamento rápido de 130 kW, são carregados até 200 quilómetros em autoestrada; e até 300 km WLPT recuperados em 30 minutos com uma estação de carga rápida de 130 kW.
Assistência à condução
O Megane E-Tech dispõe de 26 sistemas de apoio e auxílio à condução (ADAS) divididos em três categorias: condução, estacionamento e segurança.
A Assistência Ativa do Condutor permite ao Mégane ser classificado como um automóvel de nível 2 de autonomia podendo, por exemplo, abrandar automaticamente ao aproximar-se de uma rotunda e depois voltar a acelerar quando tiver saído da mesma. Ou adaptar-se automaticamente e em tempo real aos limites de velocidade quando, por exemplo, os limites passam de 120 km/h para os 100 km/h.
Entre outros sistemas, e como forma de diminuir a probabilidade de uma colisão, o Mégane tem três auxiliares de condução: o Aviso de Mudança de Faixa (LDW); Aviso de presença no Ângulo Morto (BSW); e o Auxílio à Manutenção na Faixa de Rodagem (LKA).
Este último dispõe de Assistência de Emergência à Manutenção na Faixa de Rodagem (ELKA), que combina os dados da câmara frontal e do radar lateral para, automaticamente centrar o automóvel na faixa de rodagem quando este está prestes a atravessar a linha e o sistema deteta que há risco iminente de uma possível colisão frontal, nas laterais ou até mesmo quando o automóvel está prestes a sair de estrada.
Uma última nota para o Som do Automóvel para Peões (VSP - Vehicle Sound Pedestrian), que está ativo entre os 0 e os 30 km/h, que "foi concebido para ser o menos perturbador possível para os ocupantes a bordo, garantindo a discrição e o conforto - um pedido feito frequentemente pelos clientes - e o mais "eficaz" para os que se encontram no exterior".
O VSP está disponível em Sport, Pure e Neutral, que podem ser selecionados pelo condutor. No Neutro "os sons misturam-se perfeitamente na paisagem sonora ambiente dentro do carro para uma maior discrição", no Puro é emitido um som icónico da Renault, que já vem do ZOE, e no Expressivo (Sport) há "som com um "impacto" extra, transmitindo uma espécie de "assinatura" elétrica, tanto no interior como no exterior do automóvel".
