Profissionais do imobiliário acreditam que tendência de queda de rendas vai aumentar durante, pelo menos, o próximo meio ano.
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Os preços médios de arrendamento de imóveis em Portugal já desceram quase 20% face aos valores praticados há um ano e deverão continuar a descer, mesmo com a entrada no mercado de apartamentos e moradias que estavam a funcionar como alojamento local.
O portal Imovirtual revela que é no interior e no Sul que a tendência é mais acentuada. Lisboa e Porto continuam a ter as rendas médias mais elevadas.
"Já se notam descidas nos valores nos portais de anúncios de imóveis, mas, mais importante, tornou a aparecer produto para o mercado médio e médio-baixo", comentou Luís Lima.
O presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) apontou que "não havia, por exemplo, um T1 no Porto com uma renda de 350€ ou 400€" e que isso "já começa a aparecer", em parte devido à incerteza gerada pela pandemia e, por outro lado, pela transferência do alojamento local para o arrendamento de longa duração.
Crise é para durar
De acordo com o barómetro de maio do Imovirtual, os preços das rendas médias em Portugal já desceram 17,7% face a maio do ano passado, passando de 1353€ para 1113€. A nível regional, esta quebra foi maior em Portalegre (-42%, de 574€ para 331€), Faro (-31%, de 1262€ para 869€) e Évora (-20%, de 654€ para 523€).
Face a abril, Portalegre é o distrito com maior descida nas rendas (-10%) e o mais acessível do país (331€). Um valor quase quatro vezes inferior ao da renda média em Lisboa (1459€), que subiu 0,5% apesar da pandemia. Já no Porto, os valores diminuíram 4,3% para 997€ em média. Beja teve, ainda assim, a maior subida mensal das rendas (+13,6%) para 644€.
"Aconselho a arrendar já a longo prazo, com um desconto de 20% ou 30%, sem risco, em vez de esperar e acabar por ter de aceitar um valor mínimo, porque o alojamento local vai demorar dois ou três anos a recuperar. Os estrangeiros que pagavam as rendas altas não vão voltar tão cedo", considerou.
Ainda que algumas franjas de imóveis em alojamento local tenham resistido aos piores meses com "arrendamento de emergência, a profissionais de saúde ou pessoas em isolamento", o presidente da APEMIP mantém a recomendação de uma aposta segura no arrendamento de longa duração até porque acredita que, nas vendas, os preços vão descer nos próximos meses.
"Na compra e venda também não havia produto para o mercado médio e médio-baixo e este não precisa de baixar preços, precisa de aparecer. Já no segmento alto, acredito que vamos ver descontos de 20%. Se as pessoas tiverem paciência, daqui a seis meses o mercado vai nivelar-se e vamos ter oportunidades de negócio muito interessantes", revelou Luís Lima.