Restauração com taxa máxima de IVA colocará 120 mil pessoas no desemprego, alerta associação
O presidente da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal advertiu esta terça-feira que o aumento do IVA da restauração para 23% poderá lançar no desemprego 120 mil pessoas e encerrar 52 mil estabelecimentos.
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José Manuel Esteves falava aos jornalistas após ter sido recebido pelo Secretariado Nacional do PS, o órgão de direcção restrita deste partido.
De acordo com o presidente da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), na sequência do projectado aumento do IVA da restauração de 13 para 23%, no âmbito da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2012, "estima-se o encerramento de 52 mil estabelecimentos de restauração e bebidas, mais de metade dos actualmente existentes em Portugal".
"Poderão entrar pela via informal em funcionamento outros tantos (ou ainda mais) estabelecimentos, que assim abandonam o cumprimento de boas práticas fiscais, e vamos lançar no desemprego 120 mil trabalhadores, que é o mais grave. Estimamos ainda uma quebra de receitas fiscais no sector de hotelaria e restauração na ordem dos 1450 milhões de euros, além de se levantarem questões de coesão territorial e social", sustentou o presidente da AHRESP.
Para o presidente da AHRESP, o fim da taxa intermédia do IVA para o sector da restauração poderá também ter graves no que respeita ao agravamento da desertificação do território nacional.
"Nós, portugueses, vamos ficar a uma distância de 15% da taxa de IVA face ao nosso concorrente directo espanhol e de 17,5% em relação a França", justificou, antes de se mostrar "sensibilizado" com a preocupação demonstrada pelos socialistas em relação a este possível aumento da carga fiscal.
"Assinalamos que o PS faz questão de manter no topo da sua agenda política esta matéria, que afectará milhares de micro e pequenas empresas, centenas de milhar de postos de trabalho e que porá em causa a competitividade do produto turístico. Reconhecemos a coerência do PS, que, desde a sua governação, até à sua agenda de caderno eleitoral, mas também neste momento, demonstra que coloca em primeiro lugar as preocupações sociais, assim como a competitividade da nossa economia, particularmente nas exportações, em que o turismo é líder e o sector da restauração representa 75% destas mesmas receitas turísticas", disse.