Líder da EasyJet em Portugal sugere retirada da base militar de Figo Maduro para aumentar capacidade do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. Ministro da Economia pede confiança na retoma e anuncia linha de 150 milhões para reforço da oferta turística ainda este mês.
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A equação é simples. Com o aeroporto de Lisboa totalmente esgotado e um cenário de retoma no turismo em andamento, é preciso "encontrar soluções a curto prazo". Segundo José Lopes, diretor para Portugal da EasyJet - e face ao impasse do novo aeroporto, que será, nas palavras do Governo, construído antes de 2035 - é preciso acabar com "as restrições de bases militares nos aeroportos".
"Temos de começar a pôr mais capacidade na Portela, por exemplo, porque isso vai trazer-nos ganhos significativos a curto prazo", afirmou, no Congresso da Hotelaria e Turismo, a decorrer até sexta-feira, no Algarve. "Não podemos ter quase tantas bases militares como aviões à volta de Lisboa", acrescentou, numa altura em que 95% dos turistas chegam a Portugal de avião.
Convencido de que, em 2023, esse reforço nas estruturas aeroportuárias já será necessário, o CEO da ANA Aeroportos, Thierry Ligonnière, pede rapidez. "Temos uma solução com empreiteiros disponíveis para o Montijo. Se o projeto não avançar, qualquer outra solução vai demorar muito mais tempo e, neste setor, tempo é dinheiro", frisou, recordando a importância da acessibilidade aérea na recuperação do setor.
Um apelo que José Lopes reforçou. "Pedimos ao Governo que tomar posse [as legislativas são no dia 30 de janeiro] que seja rápido e continue a trabalhar connosco porque nós [setor do turismo] somos a noiva perfeita para o país", realçou.
Momentos antes, o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, tinha revelado que a linha de 150 milhões de euros, anunciada em setembro, para reforçar a tesouraria das empresas de turismo deverá estar disponível ainda em novembro.
"Esperamos ainda antes do final do mês ter a famosa linha dos 150 milhões de euros disponíveis nas instituições de crédito e esperamos ainda antes do final do ano ter uma linha de recapitalização estratégica disponível", afirmou. Ainda assim, reconheceu que, com o chumbo do Orçamento do Estado (OE), o Programa Reforçar, "para ajudar as empresas a amortizar as suas linhas de crédito", pode estar em risco.
Próximos meses "serão muito complicados"
Ainda que a retoma no setor já se faça sentir, o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Raul Martins, alerta que os próximos tempos, pelo menos até à Páscoa, serão difíceis. "Foi a procura interna que aguentou o verão. E não em todos os destinos, nem em igualdade de condições. Ora, depois do verão, a atividade turística, que já por si abranda, com a pandemia estará novamente em maior crise", avisou.
Razão pela qual, defende, "o setor precisa que os apoios em curso, e os que já foram anunciados, continuem a existir". "As dificuldades da operação e da tesouraria não acabam e, antes de melhorarem, vão piorar nos próximos meses. Pelo que a manutenção do 'lay-off' até à normalização das deslocações das pessoas é imprescindível", concluiu.