
Ricardo Salgado
Gustavo Bom / Global Imagens / Arquivo
O presidente do BES, Ricardo Salgado, e o presidente do BES Investimento, José Maria Ricciardi, emitiram, esta segunda-feira, uma declaração conjunta anunciando um entendimento sobre o processo de sucessão na liderança no Grupo Espírito Santo (GES).
"O Dr. Ricardo Espírito Santo Salgado esclarece que, quando vier a ser iniciado o processo de sucessão, considera que o Dr. José Maria Espírito Santo Ricciardi reúne todas as condições para ser um dos membros possíveis à sua sucessão", lê-se na nota enviada à agência Lusa, que é assinada pelos dois banqueiros.
Por seu turno, segundo o documento, "o Dr. José Maria Espírito Santo Ricciardi, em função de um conjunto de esclarecimentos obtidos, reitera o voto de confiança na liderança executiva do Dr. Ricardo Espírito Santo Salgado nas condições apresentadas na reunião do conselho superior do Grupo Espírito Santo no passado dia 7 de novembro".
Na prática, isto significa que o atual presidente do Banco Espírito Santo (BES) reconhece que José Maria Ricciardi poderá vir a ser o seu substituto à frente dos destinos do GES, ao passo que o líder do BES Investimento apoia a manutenção de Salgado na presidência do grupo.
"Após esclarecimentos havidos entre as partes, ficou clarificado que nunca houve uma tentativa de 'golpe de estado' no Grupo Espírito Santo", conclui a declaração conjunta.
Na sexta-feira, o Jornal de Negócios avançou que tinha havido uma tentativa de 'golpe de estado' no BES, depois de Ricciardi ter avançado com uma "iniciativa para precipitar a saída de Ricardo Salgado" da liderança do GES, mas que a mesma tinha fracassado.
No mesmo dia, Ricciardi lançou uma nota considerando que "não corresponde à verdade a tentativa de 'golpe de estado' gorada" que lhe foi atribuída, revelando que, "na sua qualidade de acionista do grupo, limitou-se a não dar ao Dr. Ricardo Salgado um voto de confiança por ele solicitado para continuar a liderar os interesses do grupo".
Ricciardi escusou-se, na ocasião, a esclarecer as razões que o levaram a tomar essa atitude na reunião do conselho superior do GES, na passada quinta-feira, salientando apenas que "sobre os acionistas do grupo não impende o dever de lealdade institucional".
Já no sábado, o presidente do BES Investimento escreveu outro comunicado, realçando que "a sucessão na liderança do Grupo Espírito Santo realizar-se-á não por decisão ou sequer recomendação individual, mas sim pela vontade coletiva dos acionistas".
E garantiu que a sua disponibilidade "para corresponder às exigências de boa 'governance' [governação] do grupo e aos desafios que o futuro reclama" se mantém "sem quaisquer reservas".
Hoje, algumas horas antes da declaração conjunta de Salgado e Ricciardi, foi a vez de o comandante António Ricciardi, presidente do conselho superior do GES - e pai do presidente do BES Investimento - revelar que apoiou o voto de confiança pedido por Ricardo Salgado.
"Só não apoiei o voto do meu filho José Maria Espírito Santo Silva Ricciardi na moção de confiança pedida por Ricardo Salgado para evitar a rutura institucional imediata, mas subscrevo sem quaisquer reservas a posição assumida pelo conselho, incluindo a do meu filho José Maria Espírito Santo Silva Ricciardi, sobre a 'governance' e sucessão na liderança do Grupo Espírito Santo", escreveu em comunicado o comandante.
Certo é que o conselho superior do GES aprovou uma moção de confiança a Ricardo Salgado, solicitada pelo próprio, mas José Maria Ricciardi, presidente executivo do BES Investimento não a subscreveu.
