O presidente do Banco Espirito Santo de Investimento, José Maria Ricciardi, acusou esta terça-feira o antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, de "infâmia" por este ter sugerido que o primo havia tido uma "contrapartida" após "denúncia" ao Banco de Portugal.
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"É uma verdadeira infâmia", declarou Ricciardi na comissão de inquérito à gestão do Banco Espírito Santo (BES) e do Grupo Espírito Santo (GES).
Primeiro, sublinhou, o Banco de Portugal (BdP) ou "qualquer entidade reguladora não faz negociações com administrações de instituições bancárias" e, segundo, falar com o regulador e denunciar situações menos lícitas é uma obrigação de um qualquer membro de uma administração.
"Não basta não ter participado nos atos que eventualmente possam ser considerados eticamente reprováveis ou mesmo ilícitos. É obrigatório quando se tem conhecimento deles não só se opor, fazer exigências para as atas, mas também denunciar os factos que se consideram graves à entidade reguladora", frisou.
O presidente do Banco Espirito Santo Investimento recusou o julgamento coletivo de "natureza sanguínea" a quem "só por integrar a família Espírito Santo" esteja envolvido numa "vaga incriminatória".
"Não aceitando a responsabilidade coletiva (...) não enjeito, pelo contrário reclamo, que a responsabilidade de cada um seja devidamente escrutinada", sublinhou Ricciardi, que começou a ser ouvido na comissão de inquérito à gestão do BES e do GES pelas 19.30 horas.
O presidente do BESI está a ser escutado pelos deputados depois do antigo líder histórico do BES, Ricardo Salgado, ter estado no parlamento mais de dez horas para apresentar a sua visão sobre o assunto.
"A cada um caberá responsabilidade pelo que fez e cabe a cada um a responsabilidade pelos atos que praticou. Não admito solidariedade por práticas que não pratiquei e a que fui alheio", disse José Maria Ricciardi na sua intervenção inicial.
O responsável sustentou ainda que a sua presidência do BESI "não resultou de qualquer favorecimento familiar", antes é resultado de uma "carreira bancária com mais de 35 anos", e lamentou não ter sido acompanhado por outros membros da família em outubro de 2013 quando procurou uma "alteração radical do modelo de governação" do BES.
"Tenho a plena consciência de ter denunciado, quer internamente quer perante a entidade reguladora, as situações duvidosas com que fui confrontado assim que tive conhecimento delas", advogou.