Para arrendar um pequeno apartamento sem ultrapassar a taxa de esforço, há poucas opções e todas no Norte.
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Arrendar uma casa de apenas 50 metros quadrados nas grandes cidades de Lisboa e Porto está fora de questão para os trabalhadores que ganham o salário mínimo nacional (SMN). Isto se tiverem em conta que a taxa de esforço não deve ultrapassar 35% da remuneração, o que corresponde a 287 euros num rendimento de 820 euros. No Porto, onde o preço mediano do metro quadrado subiu para 12,85 euros no 2.º trimestre (mais 7,5% do que no mesmo período de 2023), a renda chegaria aos 642 euros/mês. Em Lisboa, onde atingiu os 16 euros (mais 5,1%), um imóvel desta dimensão ficaria por 800 euros.
Segundo os dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística, a cidade com mais de 100 mil habitantes da esfera da Grande Lisboa onde os imóveis para arrendar são mais económicos é Sintra, com um preço de 10 euros por metro quadrado. Mesmo assim, a renda de uma casa de 50 metros quadrados poderá ascender 500 euros nessa localidade. Depois, o custo é sempre a aumentar: Loures (10,6 euros por metro quadrado), Amadora (11,5 euros), Odivelas (11,7), Oeiras (13,3) e Cascais (15,3). O valor mediano do metro quadrado para arrendar na Grande Lisboa chegou aos 12,9 euros no 2.º trimestre, um aumento homólogo de 9,7%.
No Grande Porto, as rendas são mais baixas, mas atingem também preços quase proibitivos. Gondomar apresentou no 2.º trimestre o preço do metro quadrado para arrendar mais baixo entre os municípios da região com mais de 100 mil habitantes, 7,65 euros. Neste caso, arrendar um imóvel com a dimensão já referida pode custar 382 euros. É um valor acima dos 287 euros ideais, mas o mais próximo desta realidade. Nos outros municípios, é ainda mais caro: 8,3 euros, na Maia, 9,5 euros, em Vila Nova de Gaia, e 11,1 euros, em Matosinhos. Na Área Metropolitana do Porto, o metro quadrado custa agora 8,8 euros, um aumento de 13%. No país, ultrapassou os 8 euros, mais 11%.
Entre os municípios com mais de 100 mil habitantes verifica-se que só em Barcelos, Famalicão e Guimarães é que um trabalhador com SMN consegue arrendar casa sem ultrapassar a taxa de esforço de referência. Nessas cidades, o imóvel ficaria por 268 euros, 279 e 287 euros.
Indicadores
22.181 novos contratos de arrendamento foram celebrados no segundo trimestre, um aumento homólogo de 6,9%, mas menos 15% face aos três primeiros meses de 2024.