Comissão Técnica dá luz verde a solução dual com Santarém, mas chumba opção de aeroporto principal. Alcochete e Vendas Novas continuam favoritos.
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O financiamento privado e “a vantagem de permitir ultrapassar no curto prazo as condicionantes criadas pelo contrato de concessão” são dois dos argumentos apresentados pela Comissão Técnica Independente (CTI) para admitir uma solução dual aeroportuária que combina Santarém e a Portela. Ainda assim, o chumbo é perentório num cenário de hub.
Mais de um ano depois de a CTI ter sido mandatada pelo Governo para avaliar as opções estratégicas para aumentar a capacidade aeroportuária da região de Lisboa, o relatório final foi ontem entregue ao Executivo. “Não há grandes novidades, mas sim, a manutenção de decisões antigas. Houve alguns reparos e questões que foram analisadas, corrigidas ou rebatidas. Esses aspetos foram feitos”, explica ao JN/Dinheiro Vivo o presidente da Comissão de Acompanhamento (CA), Carlos Mineiro Aires. No documento final, atualizado após o período de consulta pública que terminou a 26 de janeiro, e a que o JN/Dinheiro Vivo teve acesso, a CTI reitera que “as opções estratégicas de solução única são as que se apresentam como mais favoráveis em termos globais, nomeadamente as opções do Campo de Tiro de Alcochete e Vendas Novas, apesar da vantagem financeira das soluções duais assentes na manutenção do Aeroporto Humberto Delgado (AHD)”.
Desvantagens
A novidade, face ao relatório preliminar apresentado a 5 de dezembro, é que a CTI admite uma solução dual que combine a Portela com Santarém. “AHD+STR pode ser uma opção como aeroporto complementar ao AHD. Teria a vantagem de permitir ultrapassar no curto prazo as condicionantes criadas pelo contrato de concessão, tendo ainda como vantagem um financiamento privado”, lê-se no documento.
Ainda assim, o grupo de trabalho liderado por Maria do Rosário Partidário sublinha que uma solução com Santarém seria penalizada “pela sua grande distância ao centro de Lisboa, que reduz significativamente os impactos macroeconómicos do aeroporto”, e descarta que a infraestrutura possa ser admitida como um aeroporto principal por não ser viável “devido às limitações aeronáuticas militares existentes”.
Carlos Brazão, um dos promotores do aeroporto em Santarém, aplaude as conclusões da CTI e garante que há margem de manobra para tornar a infraestrutura num hub, contrariando a posição de Maria do Rosário Partidário. “A inclusão do projeto de Santarém como opção [dual] é um reconhecimento da sua qualidade. Relativamente à sua escalabilidade, estamos confiantes no trabalho de afinação das soluções de navegação aérea desenvolvido ao longo de diversas reuniões técnicas tidas com a NAV pelo que estamos confiantes na sua escalabilidade como hub”, adianta ao JN/Dinheiro Vivo, sublinhando que o projeto Magellan 500 “é o que tem menos impacto nas zonas militares” e que o consórcio está empenhado “em continuar um trabalho com a NAV e com a Força Aérea para minimizar ainda mais quaisquer impactos nas áreas militares”.
Depois de ter sido entregue ao Governo ontem, o documento final será tornado público no dia 22 de março, após ser dado o parecer da CA.
Pormenores
Montijo de fora
A Comissão Técnica recomenda que a opção aeroportuária do Montijo não seja considerada devido aos impactos ambientais negativos.
Decisão política
A decisão final sobre o novo aeroporto será agora tomada pelo novo Governo.
Documento público
O relatório final com todos os pareceres da CTI será tornado público no próximo dia 22 de março.