O repto foi logo aceite: Pedro Pinto, 52 anos, deixa fotografar-se pegando num braço feito em arame que está arrumado debaixo de um dos quadros expostos no edifício da Administração do Centro Empresarial da Lionesa (CEL), em Matosinhos. Os dedos da mão da peça abrem-se para agarrar qualquer coisa. Uma metáfora que se aplica na perfeição a Pedro Pinto: ao longo da vida, ele tem deitado a mão às oportunidades que lhe aparecem pela frente. E não se tem dado mal.
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Começou cedo a queda para o negócio. Os pais do administrador-executivo do CEL saíram cedo de Aguiar da Beira: escolheram o Porto para ganhar a vida. Pedro ficou com a avó, lá no Interior, até acabar a então quarta classe. Certo dia, o pai, dono de uma papelaria na Rua de Passos Manuel, no Porto, levou-lhe 40 cadernos. Pedro vendeu-os aos colegas de escola.
Na verdade, os negócios estão no ADN de Pedro Pinto. A família é há várias gerações produtora de laticínios na zona de Aguiar da Beira. "Mesmo entre familiares estamos sempre a fazer negócios: compramos e vendemos carros uns aos outros", exemplifica o administrador da CEL.
Concluída a licenciatura em advocacia, Pedro Pinto demorou-se pouco a litigar. Em 1987, já tinha virado a agulha para a restauração: abriu uma hamburgueria na Rua de José Falcão. Passados dois anos, abriu o Bibó Porto. Daí passou para o imobiliário.
As instalações da Lionesa, antiga fábrica de têxteis que chegou a empregar 800 pessoas, apareceram-lhe no caminho. Ele e mais quatro sócios viram ali uma oportunidade, mas, confessa Pedro Pinto, quando decidiram pagar 7,5 milhões de euros por um espaço com 32 mil metros quadrados, não sabiam muito bem que destino lhe dar. "Fizemos o negócio mais com o coração do que com a cabeça".
O mercado deu uma ajuda. "Em 2002, ficou claro que o mercado pedia espaços para arrendar. Quando regressei de férias, tínhamos uma lista enorme de pedidos. Só uma têxtil dinamarquesa precisava de 9 mil metros quadrados. Foi esse o nosso primeiro grande negócio e que nos apontou o caminho".
O "caminho" passava por criar condomínios empresariais que não se confundissem com zonas industriais: "Humanizámos o espaço, criando cafetarias, espaços verdes e outras valias. Aproveitámos a centralidade. Criámos parqueamento grátis. E, sobretudo, quisemos que fosse o espaço a adaptar-se às empresas e não as empresas a adaptar-se ao espaço". Resultado: hoje, o CEL tem 117 empresas que empregam 1500 pessoas. A taxa de ocupação ronda os 95%.
O modelo foi replicado na Maia. Em 2005, os mesmos cinco sócios adquiriram a antiga fábrica de óleos 3A por 2,5 milhões de euros e dividiram o espaço em dois blocos (3A e Ponte da Pedra). Aqui a taxa de ocupação é de 98%, com 600 postos de trabalho.
Nos dois projetos, os sócios investiram 40 milhões de euros. O próximo pode surgir no centro de Matosinhos, aproveitando as sinergias com o porto de Leixões. Os olhos de Pedro Pinto brilham quando aflora a possibilidade. "Os negócios são a minha adrenalina". Nota-se bem.