A coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, disse, esta quarta-feira, que está "estupefacta e indignada" com as medidas de austeridade anunciadas na terça-feira pelo ministro das Finanças e antevê uma "situação de descalabro".
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"Estamos estupefactos, estamos indignados. A somar àquilo que Passos Coelho anunciou na sexta-feira, é tudo muito mau, é mau demais", disse Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública.
Em reação à conferência de imprensa na terça-feira do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, durante a qual anunciou os resultados da quinta avaliação da "troika" ao programa de ajuda externa e novas medidas de austeridade, Ana Avoila sublinhou que "ao longo do último ano as pessoas empobreceram muito".
"Como se isso não bastasse, agora reduzem-lhes mais do que dois salários, somando os escalões do IRS. Naturalmente, isto vai ser o descalabro. A somar a isso, ainda atacam as pensões dos pensionistas da Função Pública. A reação neste momento é de indignação, não ficarmos calados, não ficarmos parados", disse.
Ana Avoila defendeu também que o Estado tem muito por onde cortar na despesa, dando os exemplos das Parcerias Público-Privadas (PPP), a eliminação de alguns institutos públicos que duplicam serviços e "mordomias que eram criticadas ao anterior Governo", como carros de luxo.
O ministro das Finanças anunciou na terça-feira, durante a apresentação das conclusões da 'troika' à quinta avaliação do programa de ajustamento, o adiamento por um ano do prazo para cumprimento do défice, fixado em 2,5 por cento em 2014.
No encontro em que anunciou oficialmente que Portugal tinha "passado no exame", Vitor Gaspar reiterou que a redução no vencimento anual da função pública é temporária e que vai aumentar para 26,5% a taxa que incide sobre os dividendos financeiros, o que inclui os depósitos a prazo.
Gaspar anunciou um novo conjunto de medidas de austeridade, com destaque para a redução das reformas acima de 1500 euros, a redução dos escalões do IRS, implicando um acréscimo do pagamento médio dos cidadãos, e ainda o aumento de tributação dos imóveis considerados de luxo (acima de um milhão de euros).
O ministro das Finanças disse ainda que será acelerada a redução do número de funcionários públicos no próximo ano, nomeadamente dos contratados a prazo, além de estar previsto um alargamento do programa de privatizações das empresas públicas.