Vendas terão caído mais de 20%; são menos 5 mil milhões de pares. Para 2021, perspetivas apontam para subida de 2,8%.
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O consumo mundial de calçado, que no ano passado caiu mais de 20%, deverá aumentar neste ano 2,8%. Os níveis pré-pandemia só deverão ser novamente conseguidos em 2023. Os dados são do mais recente Business Conditions Survey , um inquérito realizado pela APICCAPS - Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos.
Realizado em março, o inquérito obteve 141 respostas válidas, de 42 países, a maioria das quais de produtores, mas também de retalhistas, associações empresariais e outros especialistas. Da Europa vieram 52% das respostas, 21% da Ásia e 14% e 8% da América do Norte e do Sul, respetivamente. África contribuiu com 5%. A incerteza é transversal, com os inquiridos apreensivos com as quebras na procura e as dificuldades financeiras. O aumento do custo das matérias-primas é "uma preocupação crescente".
Mais aposta no online
"Embora o lançamento do plano de vacinação traga esperança à economia mundial, as projeções para 2021 são, ainda, altamente incertas dado o aumento da incidência da covid-19 e ao surgimento de novas variantes", pode ler-se no relatório, a que o JN/Dinheiro Vivo teve acesso. No entanto, as perspetivas globais são "positivas", já que a maioria dos inquiridos acredita que haverá, nos próximos seis meses, um aumento nas vendas de calçado. Além disso, mais de metade das respostas apontam para uma estabilização nos preços. Um terço dos inquiridos antecipa uma valorização dos produtos.
Globalmente, as expectativas apontam para um crescimento de vendas da ordem dos 2,8%. Um número que encerra em si realidades distintas. O estudo destaca que a maioria dos especialistas espera "crescimentos moderados" do consumo em 2021, entre 1,5% e 5%. Se as previsões estiverem certas, o consumo de calçado deverá crescer 5,8% na América do Sul, 3,8% nos EUA e Canadá, 2,8% na Ásia e só 2% na Europa e África.
Quanto às principais dificuldades das empresas, metade, ou quase, aponta a "procura insuficiente" tanto no mercado doméstico como internacional. Seguem-se problemas financeiros, os custos das matérias-primas e a concorrência internacional, apontados por 44%, 41% e 23% dos inquiridos, respetivamente.
Sobre as perspetivas do retalho, é significativa a disparidade entre o online e o comércio tradicional, com cerca de 80% dos inquiridos a apostar num crescimento das plataformas eletrónicas; mais de 40% acreditam que as vendas em sapatarias ou similares irão cair. Não admira, por isso, que nos investimentos pós-covid a comunicação digital surja com enorme destaque, a par da sustentabilidade, do marketing e da logística.