Os 43 principais investidores do Porto criaram um impacto de 2073 milhões de euros na economia nacional. Município quer manter aposta e alargar programa Porto Leading Investors. O estudo do impacto económico, social e ambiental do setor foi apresentado esta quinta-feira no Museu Nacional Soares dos Reis.
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Abriu-se caminho para, entre 2017 e 2022, serem criados quase 26 mil empregos em Portugal. Tudo por causa das empresas de tecnologia, investigação ou desenvolvimento que escolheram o Porto para instalar as suas sedes ou escritórios. Aliás, por cada milhão de euros investido na Área Metropolitana do Porto (AMP), foram criados três postos de trabalho, um valor acima do registado no país (1,4) e na Europa Ocidental (0,6). Do total de postos de trabalho, 11 322 são diretos.
Entre os fatores que tornam a cidade atrativa, o talento é o principal denominador comum (sobretudo pela população jovem e altamente qualificada). Estas são algumas das conclusões do estudo sobre o impacto económico, social e ambiental destas empresas desenvolvido pela Invest Porto (uma agência criada pela Câmara) e a EY-Parthenon.
O fenómeno estende-se aos restantes concelhos da região e até mesmo a nível nacional, já que por cada euro investido pelas 43 empresas que fazem parte do programa Porto Leading Investors, são gerados 15 euros na economia nacional. O setor possui, na sua maioria, capital estrangeiro, mas 65% dos seus fornecedores são portugueses. Em cinco anos, estas empresas criaram um impacto de 2073 milhões de euros na produção nacional, sendo que 87% do volume de negócios resulta de exportações.
"Tríplice T"
Fazem parte do programa empresas como a Critical Software, a Natixis, Blip, Euronext, Five9, a Smartex, entre outros. No caso desta última, corre-lhe mesmo sangue portuense nas veias, já que foi criada na UPTEC, o parque de ciência e tecnologia da Universidade do Porto.
Por isso, a apresentação das conclusões do estudo sobre o impacto do programa contou com um painel de debate que chamou ao palco a diretora da UPTEC, Maria Moura Oliveira, o ex-secretário de Estado do Tesouro ligado à AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), Pedro Sousa Rodrigues, e o diretor-geral da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, João Maia. A intervenção inicial ficou a cargo do vereador da Economia da Câmara do Porto, Ricardo Valente. Para o autarca, uma das característica que torna o Porto ainda mais atrativo é o “tríplice T: talento, tecnologia e tolerância”.
"[Estas 43 empresas] representam o talento, a competitividade e a dinâmica de inovação da cidade e contribuem para a consolidação do Porto como polo tecnológico internacional", afirma Ricardo Valente.
Já o presidente da Câmara, Rui Moreira, não pôde estar presente mas é ele quem escreve o prefácio do documento. “Apesar dos bons resultados alcançados na criação e atração de talento, investimento e empreendedorismo, a cidade do Porto tem de continuar a ser ambiciosa. Temos de aprofundar a transformação da economia local, de modo a gerar mais emprego qualificado, mais oportunidades de negócio, mais projeto Academia-empresas, mais inovação empresarial”, sublinha.
E a conclusões do estudo admitem isso mesmo, que existe “margem para alargar e expandir” o programa Porto Leading Investors na cidade. Tanto pela “consolidação e expansão das empresas já inseridas no programa” como pela “atração de novas empresas com compromissos firmes de investimento na cidade”. Mesmo com as empresas atuais, o número de postos de trabalho diretos pode chegar aos 20 mil até 2026.