A TAP cancelou 36 voos previstos para sábado, na sequência da reprogramação das viagens de cerca de 27 mil passageiros no dia da greve dos pilotos, uma estratégia que permitiu "desviar" a maioria dos passageiros para outras datas.
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Desde a entrega do pré-aviso de greve do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), a TAP contactou os passageiros com viagens marcadas para sábado no sentido de alterar as reservas, tendo conseguido desviar cerca de 27 mil, dos cerca de 42 mil que, em média, viajam diariamente na companhia.
"A esmagadora maioria dos passageiros tem proteção", confirmou à Lusa fonte oficial da TAP.
Na página da ANA - Aeroportos de Portugal, existem 36 dos voos da TAP com partida do aeroporto de Lisboa cancelados, tendo a maioria como destino cidades europeias.
Em dia de greve, a companhia deverá conseguir assegurar metade da operação, considerados os voos abrangidos pelos serviços mínimos, os voos realizados pela Portugália (PGA) -- que não está abrangida pelo pré-aviso de greve do SPAC - e ainda pelos aviões que estão fretados a outras companhias (com a respetiva tripulação).
O Tribunal Arbitral do Conselho Económico e Social determinou como serviços mínimos para a greve dos pilotos a realização dos voos de regresso a Portugal (Continente ou regiões autónomas) e de onze ligações a países lusófonos ou com grandes comunidades emigrantes.
Irão realizar-se três ligações às ilhas dos Açores e Madeira: Lisboa/Horta/Lisboa, Lisboa/Funchal/Lisboa e Lisboa/Porto Santo/Lisboa. Serão também efetuados voos para países lusófonos: um voo para o Brasil (Lisboa/Brasília/Lisboa), outro para Moçambique (Lisboa/Maputo/Lisboa) e um terceiro para Angola (Lisboa/Luanda).
Os pilotos da TAP terão também de cumprir serviços mínimos para destinos onde reside uma comunidade emigrante significativa, incluindo Estados Unidos (Lisboa/Newark/Lisboa), França (Lisboa/Paris/Lisboa), Suíça (Lisboa/Genebra/Lisboa), Reino Unido (Lisboa/Londres/Lisboa) e Bélgica (Lisboa/Bruxelas/Lisboa).
O SPAC considerou "excessivos" os serviços mínimos definidos, defendendo que afetam o efeito prático da paralisação. Já a TAP diz que são poucos, tendo em conta as obrigações de serviço público da companhia.
O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) pediu desculpa aos passageiros que voam diariamente na TAP pelos incómodos causados pela greve de sábado, mas defende que "não restava outra opção" para evitar outro verão "vergonhoso". "Quero deixar claro que estamos a fazer isto [greve] por uma TAP sólida e lamentamos afetar os nossos passageiros, mas compreendam que em função do que tem vindo a acontecer não nos restava outra opção ", afirmou à Lusa o presidente da SPAC, Jaime Prieto.
O porta-voz dos pilotos garantiu que não vai haver "guerras mediáticas sobre quanto é que a operação ficou afetada", alertando que o recurso à greve é, antes, "uma guerra para que se acabe com a danificação da operação".
"Lamentamos o impacto que vai ter nas suas vidas e esperamos que o resultado desta ação seja uma nova postura para uma TAP viável e sem verões como este a que assistimos, que é vergonhoso em toda a linha", acrescentou.
A 24 de julho, um dia antes de os pilotos terem decidido avançar para a greve, a TAP anunciou "medidas excecionais" para compensar os funcionários pelo trabalho extraordinário realizado desde 1 de junho para minimizar o impacto das perturbações na companhia junto dos passageiros, de acordo com uma circular a que a Lusa teve acesso.
A TAP cancelou 468 voos entre 1 de junho e 30 de julho, o que equivale a uma taxa de cancelamentos de 2,3% nos últimos dois meses, de acordo com os últimos números divulgados pela companhia aérea portuguesa.
