Rota para Genebra só vai ligar à capital e quem parte de Pedras Rubras não foi avisado da alteração. Proporcionalidade da operação na retoma é o mínimo que as forças do Norte exigem em carta ao Governo.
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A TAP ainda não fez os ajustes prometidos ao calendário de retoma para junho e julho, mas continua a encher aviões na Portela com passageiros que tinham bilhete a partir do Porto. É o caso de quem tinha viagem para Genebra, rota cancelada no Porto durante a pandemia e que só será retomada a partir de Lisboa. Só que os passageiros não são informados que terão de ir na ponte aérea para a capital, de onde saem depois para o destino final. No início desta semana, o calendário de voos para agosto ficou disponível no site da TAP, sem corresponder às reivindicações de autarcas e empresários do Norte, que escreveram ao primeiro-ministro a pedir proporcionalidade na retoma.
A TAP tinha justificado o calendário de operações no Porto, a partir de julho, com apenas um voo diário para Londres e outro para Paris - cerca de 2% do total de voos que irá retomar - com a falta de procura de mercado. Porém, segundo informações colhidas pelo JN, os voos têm estado cheios nas rotas abandonadas pela companhia aérea nacional.
Os voos para Zurique e Genebra têm estado completos, tal como para Londres, Paris, Frankfurt e, como seria de esperar, para Lisboa. Sem alternativas no Norte, de onde parte o grosso da emigração e dos trabalhadores sazonais, os passageiros são obrigados a esperar pelas ligações da ponte aérea, mesmo se pagaram por voos diretos.
Algumas agências de viagens terão sido avisadas, no início desta semana, que deveriam continuar a vender Porto-Genebra, ainda que o voo não parta do Norte. A quem adquiriu bilhete por conta própria, a companhia confirmou, ainda em maio, esses voos sem alertar que deixou de ser direto.
O JN pediu explicações à TAP sobre o que está a acontecer nos voos Porto-Genebra em julho, mas a companhia não respondeu até à hora de fecho desta edição
Com quase 700 mil passageiros na rota Genebra-Porto em 2019, a ligação à cidade suíça é a quarta mais rentável no Porto e ficará por completo a cargo da Easyjet, a partir de 15 de junho. Há outros destinos rentáveis abandonados pela TAP que foram rapidamente aproveitados pela concorrência, nesta fase de recuperação pós-covid, como Milão, para onde a companhia de baixo custo húngara Wizzair vai agora voar sozinha, ou Madrid, a segunda rota internacional mais preenchida no Porto, operada pela "low cost" espanhola Air Europa.
Sem proporcionalidade
Para agosto, a TAP anunciou esta semana mais um voo semanal a partir do Porto para Nova Iorque, num total de quatro destinos internacionais, mas ainda está longe da proporcionalidade que as forças do Norte reclamam, uma vez que Lisboa terá ligação a 55 destinos internacionais. Ao todo, a TAP terá 60 frequências semanais no Porto, 568 em Lisboa e 31 em Ponta Delgada.
Quanto às alterações prometidas pelo Conselho de Administração da TAP, no início da semana passada, ao calendário de rotas de junho e julho, não há novidades à vista. Durante este semana, elementos da companhia reuniram com "várias entidades representativas do Porto e Norte" com o objetivo de identificar oportunidades que levem a um crescimento da sua operação" em Pedras Rubras.
No rescaldo das reuniões, os representantes do Conselho Regional do Norte, do Turismo do Porto e Norte (TPN), da Associação Empresarial de Portugal, da Associação Comercial do Porto, da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal e da Associação de Têxteis de Portugal decidiram, ontem, enviar uma carta ao primeiro-ministro e ao presidente do Conselho de Administração da TAP.
"Estamos preocupados com a celeridade e a proporcionalidade da retoma no Porto", resumiu Luís Pedro Martins, presidente do TPN. "Qualquer planificação para o regresso da atividade operacional da TAP terá sempre de partir da mesma proporção de operações, entre aeroportos, que existia no período pré-covid", rematou Luís Pedro Martins.