O histórico aumento do preço dos combustíveis está a gerar grande preocupação nos profissionais de transporte individual de passageiros, que admitem levar a cabo um protesto "o mais breve possível". O presidente da ANTRAL considera que o apoio de 30 cêntimos por litro aos táxis "não compensa a praticamente ninguém" e acusa o Governo de "não passar cartão" ao setor.
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Depois de a pandemia ter levado cerca de 60% das receitas dos táxis, a dura subida do preço dos combustíveis provocará consequências irreparáveis nos transportes individuais de passageiros. "É muito difícil o setor vir a sobreviver", constata Florêncio Almeida ao JN. "Vamos ter que nos mobilizar. Os últimos governos têm andado a brincar com este setor e nós temos que dizer basta. É impensável continuarmos assim", afirma o presidente da ANTRAL, adiantado que o protesto deverá ficar definido para a semana, na reunião de direção.
De acordo com a associação, que representa profissionais de 10800 viaturas de táxi, há 20 mil famílias que terão de "sobreviver" com este aumento, que poderia ser mitigado pelo Governo através de um "imposto de combustível profissional" e pela diminuição do imposto sobre os produtos petrolíferos. "São centenas de milhões de euros que o Governo está a arrecadar e que têm de prescindir a favor de quem trabalha e não pode continuar a suportar todos estes encargos", atira Florêncio Almeida.
Apoio do Governo "não compensa ninguém"
Na semana passada, o Governo anunciou que iria prolongar por mais três meses o apoio aos táxis e autocarros, para mitigar o aumento dos combustíveis, subindo de 10 para 30 cêntimos o valor de compensação. "Isso não compensa a ninguém. Há carros que consomem mais de mil litros por mês. Se eles ajudarem com 380 litros, nem para uma terça parte do consumo chega. A indústria não consegue sobreviver assim".
De acordo com o presidente da ANTRAL, é urgente resolver o aumento do sistema tarifário, situação "que estava praticamente acordada no ano passado". "Se o gasóleo aumenta, os transportes têm de aumentar porque têm essa liberdade, e os custos vão recair sobre o consumidor final. Nós temos tarifas fixadas pelo Governo que não nos permite rentabilizar o nosso setor. É muito grave", aponta.