<p>O ministro Teixeira dos Santos foi claro ao dizer ontem, quinta-feira, que não sabe onde cortar mais a despesa do Estado e admitiu que só conseguirá cumprir a meta do 7,3% de défice público até ao final do ano se houver aumento de receita. As duas premissas inaceitáveis para o PSD.</p>
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Ausentes os dois protagonistas do desacordo revelado à hora do almoço, o debate parlamentar de ontem à tarde, que fora pedido pelo PSD para questionar o Governo sobre despesa pública, transformou-se num filme de classe B, no qual os actores principais se sentem pouco à vontade em papéis que não são os seus.
O desconforto revelou-se particularmente em Miguel Macedo, o líder parlamentar do PSD que foi “obrigado” a justificar o desacordo perante um ministro de Estado e das Finanças, que tentou responsabilizar os sociais-democratas pela não viabilização do Orçamento de Estado para 2011.
Aliás, só depois do governante ter revelado que o PSD não aceitou negociar redução para metade dos cortes nos benefícios sociais, é que Macedo admitiu que as conversações entre Sócrates e Passos Coelho falharam já por causa do conteúdo do próximo OE e não apenas por causa da execução orçamental deste ano.
Depois de ter acusado oPSD de se ter “inebriado com o cheiro do poder próximo” e , por isso,pretender “provocar uma crise política”, Teixeira dos Santos considerou que o desacordo orçamental significa dizer os mercados que “não há condições políticas para enfrentar o desafio que o país assumiu na Europa”.
Sobre a execução orçamental, o ministro tentou justificar que “não há descontrolo da despesa pública” e garantiu que, “apesar de não ser fácil, é possível cumprir a meta dos 7,3% de défice até ao fim do ano”. Mas, para isso, apressou-se a concluir o ministro, é preciso aumentar a receita.
“O país não pode falhar. Para cumprirmos essa meta, faremos tudo o que for preciso e apresentaremos no Parlamento, a seu tempo, as medidas que forem necessárias”. Mas não clarificou o sentido exacto das medidas que irá tomar.
E enquanto a Direita (ao PSD juntou-se o CDS-PP), garantia que não viabilizaria mais impostos, a Oposição de Esquerda (PCP, BE e Verdes falaram no mesmo sentido) garantiu que o aumento de receita seria bem-vinda, desde que fosse para taxar mais a Banca e as transacções bolsistas. Neste ponto do debate, Teixeira dos Santos voltou a virar-se para a Direita no apelo à responsabilidade para que não seja criada uma crise política.