Perante a concorrência apertada das marcas tradicionais nos carros elétricos, a empresa de Elon Musk muda de estratégia e está a aplicar uma política de descontos agressiva em todo o Mundo.
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A fabricante de veículos elétricos Tesla deu uma guinada na sua política de marketing e prepara-se para ser mais agressiva no preço dos seus carros. O presidente da empresa, o multimilionário Elon Musk, indicou na assembleia anual de acionistas, realizada esta terça-feira, que vai começar a investir em publicidade, algo que, até agora, a marca não o tinha feito. "O dinheiro que poderia ser usado para publicidade, poupamos para fazer um ótimo produto", garantiu Elon Musk há quatro anos na sua conta pessoal no Twitter, e na qual admitiu que odiava fazer publicidade. Aliás, a mudança ocorre uma semana depois de anunciar que o Twitter, do qual também é dono, passaria a ser liderado por uma veterana da publicidade, Linda Yaccarino.
A razão desta aposta na publicidade na Tesla é porque o magnata norte-americano acredita que muita gente desconhece que a empresa baixou os preços dos seus carros, que continuam a oferecer características e funcionalidades "incríveis", segundo a Reuters. "Assim, acho que devo dizer que a publicidade é incrível, e todos deveriam fazer (...) Vamos tentar alguma publicidade e ver no que dá", disse Musk na reunião com os acionistas.
Queda de 24% nas vendas
O bilionário quis assim dar uma mensagem de tranquilidade aos acionistas depois de a Tesla ter reduzido os seus lucros em 24% no primeiro trimestre deste ano, devido à agressiva política de descontos que leva a cabo desde os últimos meses de 2022 em todo o Mundo. O objetivo da empresa é ganhar o máximo de espaço possível de quota de mercado em relação às marcas tradicionais que estão rapidamente a aderir à eletrificação.
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Um desses concorrentes é a Volkswagen, o maior fabricante da Europa, que, embora esteja a aumentar as suas vendas de veículos elétricos a dois dígitos (26% em 2022), estes ainda estão muito atrás dos números da Tesla. A empresa americana entregou 1,3 milhões de carros elétricos em todo o Mundo no ano passado, quase três vezes mais que o grupo alemão, que registou pouco mais de meio milhão de unidades. No fundo, Elon Musk quer aprofundar essa diferença com seu concorrente com descontos que o grupo Volkswagen não consiga acompanhar.
Na China, maior mercado mundial de carros elétricos, a empresa cortou os seus preços em 24% entre setembro e janeiro, segundo cálculos da Reuters, para revitalizar as suas vendas depois do governo chinês retirar os subsídios para a compra de veículos elétricos. Depois do gigante asiático, foi a vez dos Estados Unidos e da Europa. Em Portugal, por exemplo, a marca anunciou duas reduções de preços, a última em abril, que deixaram o preço inicial do Tesla Model 3 nos 39.990 euros, um carro que começou o ano a custar mais de 52.000 euros. O seu Model Y também teve um desconto significativo e já é vendido no nosso país por 44.999 euros.