A indústria do têxtil e vestuário exportou, em maio deste ano, mais de 433 milhões de euros, o que representa um aumento de 28,2% face ao mesmo mês de 2020, segundo os números divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
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Há uma quebra de 6,3% face ao mesmo período de 2019, mas aquele também foi o melhor maio de sempre desde que o INE começou a divulgar os valores das exportações.
Para as associações desta indústria, o ano de 2020 foi tão mau, que a comparação da evolução das exportações é feita com 2019. Neste capítulo, nos primeiros cinco meses do ano, as exportações do têxtil e vestuário ainda estão 2,1% abaixo do ano de 2019, mas já superam 2020 em 17,7%. Ou seja, a recuperação está a acontecer na maioria dos subsetores da indústria, que prolifera no Vale do Ave, mas que também tem forte presença nos vales do Cávado, Tâmega e Sousa.
Para perceber a evolução, é preciso mergulhar na heterogeneidade da indústria, pois a recuperação está a acontecer a três velocidades, segundo Mário Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal.
Em maio, quase todos os subsetores tiveram melhor prestação que em 2020. Se a comparação for com 2019, a recuperação também se regista em vários subsetores, em especial nos têxteis e vestuário ligados ao lar.
Porém, há outros que continuam muito longe dos valores anteriores à pandemia, como o do "vestuário e seus acessórios, exceto de malha". Neste subsetor entra sobretudo o vestuário de tecido, de exterior.
"Muita gente está em teletrabalho, em confinamento ou recolher obrigatório, e isso inibe um determinado consumo do produto formal", analisa César Araújo, presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção (ANIVEC).
As quebras de 2020 no vestuário de tecido foram tão grandes, que serão precisos "pelo menos três ou quatro anos" para recuperar, estima o mesmo dirigente. Por sua vez, o vestuário de malha está em níveis de 2019 "porque são produtos de conforto que as pessoas até usam muito dentro de casa", explica César Araújo.
Malha é o motor
A categoria do vestuário de malha continua a ser o grande motor das exportações do têxtil, com 184,6 milhões de euros exportados em maio deste ano, muito por causa dos produtos relacionados com o lar que continuam a registar uma procura elevada.
Em visita ao Vale do Ave, na semana passada, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, destacou o "crescimento muito grande na procura" e a "recuperação muito grande na produção" que alguns subsetores do têxtil e vestuário estão a registar. A empresa Lameirinho, de Guimarães, onde a produção está mais orientada para produtos de lar, foi um dos locais onde o ministro constatou esse crescimento. Nessa visita, os empresários ligados ao vestuário reclamaram mais apoios e o ministro prometeu "continuar a apoiar as empresas mais afetadas".