O operador alemão de transportes ferroviários, a Deutsche Bahn, pode ter de gastar cerca de 400 milhões de euros para substituir os componentes instalados pela chinesa Huawei na infraestrutura férrea da empresa estatal germânica.
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As contas estão plasmadas num relatório interno a que a agência Reuters teve acesso. Segundo o documento, a Deutsche Bahn teria ainda de enfrentar atrasos de cinco a seis anos nos projetos atuais, se o Governo alemão decidir banir a Huawei.
A Deutsche Bahn está a digitalizar as operações da empresa e atribuiu, em dezembro, um contrato de 64 milhões de euros a uma subsidiária da Deutsche Telekom, que usa tecnologia da Huawein, para fornecimento dos componentes da nova infraestrutura tecnológica e de comunicações.
O Governo alemão está a avaliar se certos componentes fornecidos pela Huawei e pela ZTE devem ser banidos as redes de comunicações alemãs. Uma preocupação que não é exclusiva de Berlim, quando aumentam as preocupações de vários países com a influência de empresas chinesas em infraestruturas críticas.
Qualquer decisão de banir completamente a Huawei terá, provavelmente, uma resposta dura de Pequim. No caso da Alemanha, o Ministério das Relações Exteriores chinês instou Berlim a agir de acordo com as regras internacionais.
China impõe restrições à exportações de dois metais raros
O caso surge três dias depois de a China ter imposto restrições às exportações de dois metais essenciais para o fabrico de semicondutores. De acordo com a diretriz emitida pelo Ministério do Comércio, a 1 de agosto, os exportadores chineses de gálio e germânio devem requisitar uma licença, antes de venderem para o exterior.
Esta decisão de Pequim está a ser interpretada como uma retaliação contra os controlos de exportação adotados pelos Estados Unidos. Nos últimos meses, a administração norte-americana intensificou as restrições impostas ao fornecimento de semicondutores avançados a empresas chinesas, por motivos de "segurança nacional".
A China, que ambiciona ser autossuficiente no fabrico de semicondutores, considera que as medidas visam manter a supremacia dos Estados Unidos num setor essencial para as indústrias do futuro, incluindo tecnologias de Inteligência Artificial, robótica ou veículos elétricos, mas que também em aplicações militares.
Segundo a agência Bloomberg, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, planeia assinar até meados de agosto uma ordem executiva para limitar investimentos de empresas norte-americanas na China envolvendo tecnologia crítica. A diretiva abrange semicondutores, Inteligência Artificial e computação quântica, de acordo com a mesma fonte.
Portugal emitiu declaração sobre o "alto risco" para as redes
Em Portugal, em maio, a Comissão de Avaliação de Segurança, no âmbito do Conselho Superior de Segurança do Ciberespaço, divulgou uma deliberação sobre o "alto risco" para a segurança das redes e de serviços 5G do uso de equipamentos de fornecedores que, entre outros critérios, sejam de fora da União Europeia (UE), NATO ou Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) e que "o ordenamento jurídico do país em que está domiciliado" ou ligado "permita que o Governo exerça controlo, interferência ou pressão sobre as suas atividades a operar em países terceiros".
A deliberação não refere nomes de empresas ou de países, mas o caso da Huawei surge na memória, nomeadamente porque a tecnológica chinesa foi banida das redes 5G em outros países europeus.