As cidades dependem da mobilidade de quem lá vive e trabalha. E o futuro apresenta-se com a chegada de novos tipos de veículos, que vão obrigar a uma adaptação do território. Tudo isso esteve nos últimos dois dias, no Portugal Mobi Summit, em Algés, Oeiras. E a aposta continua a ser, invariavelmente, na sustentabilidade.
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Jean Barroca, secretário de Estado Adjunto e da Energia, encerrou a cimeira e deixou claro que "o setor dos transportes é um dos grandes protagonistas da transição energética e da descarbonização de Portugal". "Os transportes representam cerca de 30% das emissões nacionais com gases de estufa. Por isso, descarbonizá-los é um pilar essencial da nossa estratégia climática", enfatizou o governante.
Até porque, sublinhou, o Governo tem metas claras: "Pretendemos reduzir em 55% as nossas emissões de dióxido de carbono, até 2030, e alcançar 51% de energia renovável no consumo final da energia". Para tal, o secretário de Estado recordou o novo regime jurídico da mobilidade elétrica, aprovado em agosto, que tem como objetivo "modernizar, simplificar e acelerar", permitindo, por exemplo, tornar os carregamentos de veículos mais rápidos e acessíveis.
Soluções autárquicas
A trabalhar em soluções mais "verdes" encontram-se já as autarquias. É o caso de Oeiras, Lisboa e Cascais, que, em conjunto, querem implementar o BRT da A5 - debatido num dos painéis do Mobi Summit -, um sistema de Bus Rapid Transit que assenta na construção de um corredor, "colado" à autoestrada, dedicado a autocarros elétricos. Mas, para isso, é necessária agilidade por parte do Governo, que deverá renegociar o contrato de concessão com a Brisa para que o projeto se concretize. "Encontros como este são fundamentais para a sensibilização, do ponto de vista técnico. Os oradores sabem bem qual o estado da arte, mas depois é preciso dar-lhes concretização. E, aí, quem tem uma função política tem de estar preparado para ser capaz de antever o futuro", afirmou Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, na sessão de encerramento.
Madrid, Barcelona e Paris foram cidades apresentadas no Mobi Summit como tendo projetos exemplares no campo da mobilidade. E as bicicletas estiveram em destaque, assim como a tecnologia que está a ser implementada em vários meios de transporte. No resumo da cimeira, Pedro Homem Gouveia, da POLIS, rede de cidades europeias dedicada à inovação na mobilidade urbana, alertou: "A tecnologia não nos dispensa de fazermos escolhas difíceis".
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Veículos autónomos
O presidente do Instituto da Mobilidade e dos Transportes, João Caetano, adiantou que foi apresentada uma proposta de regulamentação ao Governo para testes com carros autónomos em ambiente real.
Quota de elétricos
"Temos 21,5% de quota de veículos elétricos ligeiros, acima da média europeia de 15%", disse Jean Barroca.
"Coragem"
Charles Landry, co-curador do Portugal Mobi Summit, sublinhou que para seguir os exemplos europeus "é preciso coragem, liderança e um avanço passo a passo".
