O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, indicou que poderá continuar a subir as taxas de juro nos próximos meses e que vai facilitar o acesso de Portugal a financiamento de emergência.
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As duas medidas visam combater ao mesmo tempo a inflação e a crise da dívida.
O BCE aumentou, esta quinta-feira, as taxas de juro em 25 pontos base para 1,5%, o segundo aumento em três meses, enquanto a decisão sobre Portugal surge depois de a agência de notação Moody's ter originado uma onda de vendas de títulos de dívida ao considerar que o país poderá necessitar de um segundo pacote de assistência.
"É essencial que os recentes desenvolvimentos quanto a preços não venham a dar origem a pressões de inflação generalizadas no médio prazo", disse Trichet, numa conferência de imprensa em Frankfurt, abrindo a porta a novas subidas das taxas de juro nos próximos tempos.
Os decisores do BCE estão a tentar equilibrar dois riscos: a crise nos mercados da dívida e o perigo de que a recuperação da Alemanha direccionada para as exportações alimente uma espiral de inflação. Enquanto os 'yields' da dívida a dois anos grega, irlandesa e portuguesa ultrapassam os 15%, a inflação na região tem passado a barreira imposta pelo BCE - 2% - nos últimos sete meses.
Trichet também acrescentou que o BCE vai suspender o patamar mínimo de 'rating' de crédito para os títulos portugueses depois de a Moody's ter cortado o 'rating' da dívida portuguesa para "lixo". A suspensão "será mantida até nova ordem", anunciou Trichet.
"O Governo português aprovou um programa de ajustamento económico e financeiro que foi negociado com a Comissão Europeia, em ligação connosco e com o Fundo Monetário Internacional", disse Trichet. "O Conselho de Governadores [do BCE] assessorou o programa e considera-o apropriado", acrescentou.
Trichet escusou-se, no entanto, a comentar sobre se o BCE faria a sua própria avaliação ou se confiaria nas agências de 'rating' para determinar se a Grécia estaria em bancarrota ou não.