A entrada da "troika" em Portugal coincidiu com um "boom" das transferências de dinheiro para contas "offshore". Foram quatro mil milhões de euros, quase metade do que saiu em cinco anos.
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Os dados agora tornados públicos e mostram que entre 2010 e 2014 as empresas e particulares transferiram 10200 milhões de euros para paraísos fiscais.
Os números são revelados pelo jornal "Público", que teve acesso às estatísticas da Autoridade Tributária e Aduaneira.
A larga maioria dos mais 10200 milhões de euros colocados em paraísos fiscais foi transferida por empresas, 9500 milhões, enquanto os restantes 675 milhões foram transferidos por pessoas singulares.
Só em 2011, ano de entrada da "troika" em Portugal, saíra para "offshores" mais de quatro mil milhões de euros, escreve o "Público".
Os milhões mencionados nestas estatísticas correspondem a informação reportada pelos bancos ao abrigo da declaração Modelo 38, que obriga os bancos a comunicarem ao fisco este tipo de transferências. Não há dados sobre o que é transferido sem conhecimento do Fisco.
Segundo os dados tornados públicos, o Panamá, paraíso fiscal no centro de um escândalo de ordem mundial, acolheu apenas 5.14% dos fundos transferidos (cerca de 1300 milhões de euros), atrás de outros "offshores" como Trinidade e Tobago (6,66%), Emirados Árabes Unidos (9,515) e Ilhas Caimão (13,8%).
No topo das preferências dos portugueses está Hong Kong, que acolhei 43,6% (cerca de 4800 milhões de euros) dos fundos transferidos pelos portugueses para paraísos fiscais.