"Há quatro meses apertámos o cinto e agora estão quase a enforcar-nos". Este é o retrato figurado do sentimento que invadiu a alma de Paula Marinho, uma professora do ensino público, minutos após ter assistido, pela televisão, ao solene anúncio governamental das novas medidas de contenção orçamental para o combate à crise.
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Defensora da tese de que tudo cai sobre os funcionários públicos quando toca a pagar a crise, esta professora do ensino básico, residente em Fafe, diz-se surpreendida por mais este pacote de medidas que vai afectar o seu bolso e aquilo com que pode contar no rendimento de cada mês.
Lamentando que "só em Portugal" se tenha assistido a este "ataque" à Função Pública, Paula Marinho não compreende porque é que o governo não engendra um conjunto de normas que "controlem a sério aqueles que têm mais dinheiro", forçando para que essa franja ajude convenientemente a pagar a crise.
Esta funcionária pública também sente que os portugueses andaram a ser enganados durante muito tempo sobre a dimensão real da crise que o país atravessa e que foram apanhados de surpresa e sem qualquer capacidade de reacção. "Estas decisões que agravaram a capacidade económica dos portugueses foram tomadas todas muito juntas e de repente apanhando-nos completamente desprevenidos".
Neste aspecto recorda que o discurso dos governantes foi inebriando as mentes porque "até certa altura estava tudo bem, não havia problemas, mas depois choveu um chorrilho de medidas que nos apanhou de surpresa".