Acusações de estarem perante uma situação "caótica" e "terceiro-mundista" e promessas de não voltarem a Portugal, foi o que a Lusa ouviu, esta quinta-feira, de turistas espanhóis que esperavam para pagar as portagens eletrónicas na fronteira luso-espanhola no Algarve.
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Dezenas de veículos acumularam-se, esta quinta-feira, junto aos sistemas de compra de títulos para a antiga Scut (Sem Custos para o Utilizador) da Via do Infante (A22), na fronteira junto à Ponte Internacional do Guadiana, sendo visível o desagrado que a situação estava a causar junto dos muitos turistas que ali se juntavam, sobretudo espanhóis.
Um deles era Miguel Báez, de Málaga (Espanha), que disse à agência Lusa não compreender a forma como Portugal está a tratar os turistas que procuram o país para passar férias.
"É a pior forma de receber um turista. Não penso que haja uma maneira pior, porque vens para passar uns dias, a desfrutar, e não contas com uma hora aqui à espera. Não há informação, ninguém sabe nada e têm de ser as pessoas que estão nas filas a passar a informação uns aos outros", disse este turista.
Questionado sobre a utilidade do novo atendimento telefónico para turistas, instalado junto ao sistema de aquisição de títulos pela empresa responsável, a Estradas de Portugal, Miguel Baéz respondeu negativamente.
"Não, absolutamente. Não há nenhum tipo de informação, nem a polícia sabe nada do assunto. Estamos a informar-nos uns aos outros. Como turistas, escolhemos este destino porque gostamos muito, viemos mais do que uma vez e sempre nos trataram muito bem. Viemos ajudar Portugal, mas também não queremos que nos tratem desta maneira", lamentou.
Questionado sobre um eventual regresso, Miguel Baéz disse que pretende voltar a Portugal, mas frisou que vai queixar-se no hotel e na polícia, porque "não parece uma maneira justa de tratar os visitantes".
Também Cármen Martinez, de Córdova, disse à Lusa que as longas filas de carros estrangeiros que se acumulavam junto ao posto de polícia da fronteira lhe pareciam "terceiro-mundistas".
"Costumo viajar e isto não me aconteceu em nenhum lado. Já estive várias vezes em Portugal, entrei e saí do país, não tive problema nenhum, mas o que encontrei hoje aqui parece-me muito mal. Se não tivesse já reserva feita no hotel, dava meia-volta", disse esta turista espanhola, que estava há mais de uma hora parada para tentar comprar um título.
Questionada sobre um eventual regresso, Carmén Martinez respondeu que "seguramente não" se a situação "não for solucionada como deve ser, como em Espanha e qualquer país europeu, onde põem as portagens e pagas quando passas".
"Vimos para descansar uns dias, deixar divisas no país, o que é importante. E se te deparas com isto, que te dá vontade de não voltar", lamentou.
Confrontada com esta situação, a Estradas de Portugal respondeu que "os sistemas colocados à disposição são suficientes", mas frisou que está a pôr o enfoque num sistema (Easy Toll), que representa "85% do total de adesões" e "é eficaz".
A empresa referiu ainda que "conta neste momento com equipamentos capazes de dar resposta às necessidades dos clientes", com "simplicidade, facilidade de utilização", com apoio de um centro de atendimento telefónico e "rapidez".