A UGT manifestou-se hoje preocupada com a "intransigência" da 'troika' perante a manutenção do défice em Portugal, ao passo que a CGTP acusa o Executivo de "manipulação".
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"A UGT vê com muita preocupação a intransigência da 'troika' em relação ao Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF)", disse à Lusa o secretário-geral da UGT, Carlos Silva.
No entender do sindicalista, "se o Governo não consegue propor à 'troika' outras políticas que não as da continuação da austeridade então, é possível que não consiga ver aprovado o Orçamento do Estado para o próximo ano".
A 'troika' deu hoje nota positiva a Portugal no final das oitava e nona avaliações regulares ao programa de assistência, mas ao contrário do que o Governo tencionava alcançar, as metas do défice orçamental permanecem inalteradas nos 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e nos 4% em 2014.
Perante este facto, a UGT garantiu que "não aceitará a continuação das políticas de austeridade".
O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, considerou, por seu turno, em declarações à Lusa, que "quando se fala que a 'troika' não cedeu relativamente ao défice, mesmo que o Governo consiga atingir os 5,5% do PIB este ano, para alcançar os 4% em 2014 terá de cortar cerca de 2,5 mil milhões de euros".
"Isto é a reforma do Estado", sublinhou Arménio Carlos, que acusou o Governo de "manipulação e ocultação" ao escusar-se a responder às questões hoje colocadas pelos jornalistas aquando da apresentação das oitava e nona avaliações.
"Tratou-se da omissão de um conjunto de medidas que o Governo se recusa a divulgar e que vão ser integradas no Orçamento do Estado para 2014", disse ainda Arménio Carlos.
A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, e o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, apresentaram esta tarde as conclusões dos oitavo e nono exames regulares ao cumprimento do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), na Presidência do Conselho de Ministros, em Lisboa.
A 'troika' chegou a Lisboa a 16 de setembro para iniciar a oitava avaliação ao Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), ao abrigo do qual Portugal vai receber no total 78 mil milhões de euros ao longo de três anos.
No final de julho, Portugal já tinha recebido 67.298 milhões de euros, o equivalente a 86,3% do total do envelope financeiro acordado, segundo o boletim mensal de agosto do IGCP, a agência que gere a dívida pública.
Portugal deverá receber em novembro uma nova tranche de 5,6 mil milhões de euros.