A União Europeia (UE) paga diariamente cerca de 260 milhões de euros pelas importações de petróleo russo, de acordo com um relatório publicado pela organização ecologista Transport & Environment (T&E). Com o evoluir da guerra na Ucrânia, o futuro do gasoduto NordStream 1, que liga a Rússia à União Europeia, também pode estar em risco.
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No momento em que decorre a invasão russa da Ucrânia, e dada a incerteza de como as sanções da UE contra Moscovo irão afetar o setor energético, a T&E coloca o montante total das exportações de petróleo bruto russo para a Europa e o Reino Unido no ano passado em 104 mil milhões de euros, muito mais elevado do que os 43,4 mil milhões de euros das compras de gás natural russo.
No entanto, a associação, que apela à UE para levar a cabo um "embargo global ao petróleo russo", explicou que a dependência do continente dos fornecimentos russos no seu conjunto, embora significativa, não é intransponível.
No relatório indica-se que a maioria das importações de petróleo da UE é feita através de petroleiros e portos, e apenas 4-8% do fornecimento de petróleo da Europa provém de oleodutos russos, o que significa que é viável obter petróleo noutros locais a curto prazo.
No entanto, a associação diz que a substituição do crude russo não resolverá a dependência a longo prazo da Europa do petróleo, e apela a medidas de preparação para uma possível rutura do mercado petrolífero, incluindo o aumento dos dias de teletrabalho e dos dias sem carros, bem como o redirecionamento dos fundos europeus para impulsionar a compra em massa de veículos elétricos.
A T&E também apela à melhoria da eficiência dos transportes e à aceleração da eletrificação deste setor para reduzir o consumo de petróleo e evitar a dependência das importações russas.
A Rússia advertiu que um embargo ao petróleo russo teria "consequências catastróficas". Segundo o vice-primeiro-ministro Alexander Novak, é impossível substituir rapidamente o petróleo russo no mercado europeu por uma fonte alternativa. "Levará vários anos e será muito mais caro para os consumidores europeus, que serão as principais vítimas deste cenário", advertiu.
Ameaça russa
Rússia avisou ainda que pode fechar o principal gasoduto para a Alemanha, o NordStream 1, se o ocidente avançar com a proposta de deixar de comprar petróleo russo. A ameaça chegou pela voz do vice-primeiro-ministro Alexander Novak, em resposta a uma ideia dos EUA de banir a compra de petróleo aos russos.
Uma tentativa bloqueada à nascença pela Alemanha e Países Baixos, que recusaram alinhar no bloqueio. Novak diz que a Rússia, responsável por cerca de 40% do gás e 30% do petróleo consumido pela Europa, tem todo o direito a retaliar.
EUA confirmam viagem de alto nível a Caracas para falar sobre energia
A Casa Branca confirmou a viagem de uma delegação de alto nível dos Estados Unidos a Caracas no fim de semana para reuniões com o Governo venezuelano sobre "segurança energética", num altura de escalada do preço do petróleo.
A realização da viagem foi confirmada pela porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, durante uma conferência de imprensa, quando questionada sobre a existência de conversas de alto nível entre Washington e Caracas.
"O objetivo da viagem (à Venezuela) foi discutir diferentes questões, entre elas, claro, a segurança energética", disse a porta-voz presidencial.
Psaki indicou que as discussões com membros do Governo do Presidente venezuelano Nicolás Maduro "ocorreram nos últimos dias" e "continuam".
As autoridades norte-americanas, acrescentou, também abordaram a situação dos seis ex-diretores da Citgo (subsidiária da petrolífera estatal venezuelana PDVSA), cinco dos quais são cidadãos norte-americanos e um residente permanente, atualmente preso em Caracas.
A porta-voz evitou dar mais detalhes sobre as reuniões com o Governo venezuelano, um dos principais aliados da Rússia na América Latina.