A adesão no segundo dia de greve voltou a ser de 100%. A paralisação dos comboios, em todo o país, está a pressionar a rede de autocarros e metro. Já há utentes que estão a perder dias de salário ou que têm de pagar deslocações para não faltarem ao trabalho.
Corpo do artigo
Adélia Dionísio é segurança numa empresa. Vive na Póvoa de Santa Iria e todos os dias tem de se deslocar para Lisboa. No primeiro dia de greve, anteontem, não conseguiu entrar nos autocarros que já chegaram cheios à paragem e não pararam. Teve de faltar ao trabalho. A falta é justificada, mas vai ser-lhe descontado o dia do salário, conta ao JN, na Gare do Oriente.
Ontem, o marido levou-a de carro à primeira paragem do percurso para conseguir apanhar transporte. Revoltada, Adélia Dionísio defende que os utentes, “que pagam passes mensais, devem ser ressarcidos quando são penalizados por não conseguirem trabalhar por motivos que lhes são alheios”.
A seu lado na fila, Elizabete Silva, auxiliar de ação médica, também apanha diariamente o comboio na Póvoa para a Gare do Oriente. Desde o início da greve, tem feito de Uber esse trajeto. No entanto, frisa, se a adesão se mantiver elevada até dia 14, é uma opção com um custo muito elevado que terá de reequacionar. As duas sublinham ao JN não compreender porque não foram decretados serviços mínimos. E manifestam concordar com o primeiro-ministro de que a lei deve ser revista para equilibrar o direito à greve com o dos utentes.
Juízes explicam-se
Nos últimos dois dias, Aires Almeida conseguiu substituir o comboio pelo autocarro. Vive no Sobralinho, entra na primeira paragem, mas “em vez de meia-hora tem demorado cerca de hora e meia”. “Os autocarros andam completamente cheios, não conseguem parar em muitas paragens, o que revolta as pessoas”, conta ao JN.
A circulação de comboios pode sofrer perturbações até dia 14 de maio. A paralisação foi convocada por 14 sindicatos, mas a maioria dos pré-avisos termina hoje. Num contexto em que o tema já serve como arma de arremesso na campanha eleitoral, o Tribunal Arbitral veio ontem esclarecer porque não foram aprovados serviços mínimos.
Os juízes pediram à CP para assegurar 15% dos comboios, nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, pelo menos, ao início da manhã e final da tarde. A empresa alegou não conseguir garantir a segurança. E o tribunal deliberou, para se evitar “situações de perigo para as populações”, não convocar serviços mínimos.