Maior parte das regiões vitivinícolas do país espera uvas em maior quantidade e qualidade em relação a 2020.
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Depois de um 2020 atípico em termos meteorológicos que fez baixar a produção de uvas, a vindima deste ano deverá voltar a ser normal. A primavera não favoreceu tanto o aparecimento de doenças e, por isso, é esperado um aumento de produção e de qualidade relativamente à campanha anterior. O Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) prevê um total de 6,5 milhões de hectolitros de vinho.
À exceção do Minho, Tejo, Lisboa, Madeira e Açores, com quebras entre 5% e 25%, todas as outras regiões vinhateiras deverão produzir mais vinho. O saldo nacional poderá ser de mais 19% que na vindima anterior e mais 2% que a média das últimas cinco campanhas.
Tique-tique das tesouras
Na Região Demarcada do Douro, mais que a conversa, é o tique-tique das tesouras que compõe a banda sonora do corte das uvas. É o que acontece na Quinta dos Aciprestes, em São João da Pesqueira. A vindima já decorre ali em velocidade de cruzeiro, tal como acontece noutras vinhas da região.
Pela amostra, prevê-se uma boa vindima. "Este ano as uvas estão muito boas", destaca Elisabete Matos, vindimadora de Soutelo do Douro, freguesia do concelho pesqueirense. Trabalha para a Real Companhia Velha, dona de 550 hectares de vinha na região duriense, distribuídos por várias quintas, entre as quais a dos Aciprestes.
A constatação de Elisabete foi antes tida por Rui Soares, coordenador de viticultura da Real Companhia Velha, que diz que "o ano correu de feição", sem eventos meteorológicos que afetassem a qualidade das uvas, ao contrário do que sucedeu em 2020, em que a primavera atípica favoreceu o aparecimento de doenças e um verão com escaldões e stresse hídrico comprometeram a quantidade e a qualidade.
"Para já, este ano está a ser excelente. Tivemos uma primavera amena e no verão não houve golpes de calor. A uva chegou à vindima em perfeito estado de sanidade e muito rica de sabores". O IVV prevê um aumento de 20% de produção no Douro, porém, Rui Soares perspetiva que não deverá ultrapassar os "10% a 15%".
O principal problema desta região continua a ser a falta de mão de obra, embora a Real Companhia Velha não se possa queixar, já que para além dos 150 trabalhadores permanentes na vinha, tem garantida mais uma centena para esta fase, graças a acordos com empreiteiros que já se mantêm há vários anos.
Uma das permanentes é Tatiana Silva, 21 anos, que assume ser talvez a mais nova das colaboradoras. É de São Mamede de Ribatua, Alijó, e trabalha na vinha há três anos, desde que se cansou de estudar. Admite que gosta do que faz, embora assuma que "é a dureza do trabalho do campo que afasta os jovens" da região.
Vindima mecanizada
Ao longos dos últimos 20 anos, a Real Companhia Velha preparou 100 hectares de vinha para a vindima mecanizada. Este ano comprou, por 250 mil euros, uma máquina que permite fazer este e outros trabalhos.
Funcionamento
A máquina circula sobre o bardo. A ação de batedores faz desprender os bagos dos cachos e seguem para um reservatório. Quando está cheio são descarregados para uma carrinha e transportados para a adega.