
Leonardo Negrão / Global Imagens
Vinhos portugueses de três regiões estão até este domingo no bairro parisiense de Montmartre a participar na "Fete dês Vendages". Esta mostra de vinhos com 84 anos recebe meio milhão de visitantes e onde Portugal é o único país estrangeiro convidado.
É um dos maiores eventos parisienses dedicado à gastronomia, vinho e turismo. A "Fête des Vendages à Montmartre", mesmo em redor da Basílica do Sacre-Couer, parisienses e turistas têm contacto direto com vinhos de três regiões portuguesas: Beira Baixa, Tâmega e Sousa e Reguengos de Monsaraz.
Esta é a segunda vez que Portugal participa nesta feira que conta já com 84 edições. No ano passado foi país convidado do certame, este ano é o único país estrangeiro presente. No espaço "Le Portugal à Montamartre" a região de Reguengos de Monsaraz estreia-se faz-se representar pelo seu presidente de câmara, José Calixto. O responsável conta que veio promover não só os vinhos mas também outros produtos da sua região: olaria, mel e doçaria estão ao dispor dos parisienses.
A intenção é alargar os horizontes a outros produtores "que trabalhem com grandes níveis de qualidade e trabalhem nichos de mercado". Esta é a fórmula que diz ser correta num mercado agressivo e competitivo - e conhecedor - como o francês. "A qualidade dos vinhos portugueses é um dos fatores positivos, contudo ainda existe falta de marketing para os dar a conhecer aos franceses". Contudo, a confiança é palavra de ordem.
Rita Silva, a representar a Comunidade Intermunicipal de Beira Baixa repete a presença na feira. A experiência no ano anterior foi um sucesso "Não viemos preparados para tanta adesão e tanta venda". Assim, este ano trouxeram menos produtos e vieram se preparados para uma das grandes exigências dos parisienses: os produtos biológicos (ver caixa). Do vinho ao azeite são presença assídua no stand da Beira Baixa.
Telmo Pinto, responsável da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa mostra muita confiança no certame. "Não estamos só a promover os nossos produtos e o nosso território aos parisienses mas a gente de todo o mundo que visita a Baílica do Sacre-Coeur, um dos monumentos mais visitados de Paris. Esta é uma forma de promover, sobretudo, os pequenos produtores, que são a grande maioria em Portugal".
Até domingo, junto a dezenas de stands com vinhos, cerveja e comida típica francesa, o espaço português promete continuar criar curiosidade e fincar os laços entre franceses e Portugal, ou não fosse um dos seus destinos preferidos para viajar e, mais recentemente, viver.
"Portugal não é moda"
Segundo dados do Turismo de Portugal, relativos ao mercado francês, em junho de 2018 registou-se um aumento de 1,4 por cento de viagens turísticas. Paris é a principal fonte de turistas oriundos de França, e cerca de 34 por cento repete a visita a Portugal. A pergunta que paira no ar é saber até quando o país vai continuar na moda para o turista francês.
Jean Pierre Pinheiro, diretor do Turismo de Portugal em França, não acredita que a escolha de Portugal como destino turístico esteja na moda. "Quando se analisa dos turistas franceses há crescimentos a dois dígitos desde há 12 anos". São várias as razões, desde a política de levar reformados franceses para Portugal, muito falada em França - e os aumentos dos voos low cost - hoje há 600 voos por semana entre os dois países são alguma das razões apontadas pelo responsável.
Contudo, indica que o Turismos de Portugal está alerta e a olhar para o longo prazo e a aposta passa por fazer conhecer outras regiões fora do circuito do Porto e Lisboa. "Em janeiro vamos levar cerca de 450 operadores turísticos franceses a realizaram a sua convenção na Madeira", conclui.
Vinho biológico e natural: uma quase obrigação em Paris
É das primeiras perguntas que os franceses fazem aos produtores portugueses: é vinho biológico? A resposta, envergonhada, mostra a diferença entre os dois mercados: alguns sim, mas a grande maioria não.
A pergunta mostra uma das grandes diferenças entre os consumidores parisienses e o português.
Tiago Barbosa exportador de vinho português para a região de Paris que trabalha sobretudo para clientes franceses dá a dica: "O parisiense tem como um dos parâmetros principais na escolha do vinho a questão biológica e natural, para além de querer saber quais as castas. É um público muito conhecedor da cultura do vinho, e do vinho português quer o que o diferencia do francês. De preferência de produção natural e biológica".
