Vítor Bento diz que não sentiu disponibilidade do Governo para uso de dinheiro público
O ex-presidente do Novo Banco, Vítor Bento, disse aos deputados que, apesar de não ter concretizado nenhum pedido formal de recapitalização do banco pela via de capitais públicos, ficou com a ideia que não havia disponibilidade política para tal.
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Questionado pelos deputados acerca da matéria, Bento disse ter ficado convencido que, do ponto de vista político, não havia muita disponibilidade para envolver dinheiros públicos numa solução.
Salientando que nunca apresentou um "pedido assertivo", o gestor disse que foi essa a sensação com que ficou depois de contactar a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, logo após a divulgação dos resultados semestrais do Banco Espírito Santo (BES), no dia 30 de julho.
"Havendo intervenção do Estado, fosse qual fosse, os acionistas privados tinham que ser os primeiros a responder", sublinhou o responsável.
E realçou: "Nunca ninguém do Governo me disse que havia possibilidade de ir à linha de capitalização, mas eu também nunca perguntei, porque considerei que esse era um dado adquirido".
Bento salientou que em várias intervenções públicas, e até em comunicados, o Banco de Portugal tinha sempre apresentado essa opção como válida.
Certo é que "a diluição da posição acionista também seria grande se houvesse um aumento de capital com recurso a privados", sublinhou, concluindo que "os acionistas seriam gravemente afetados fosse qual fosse a solução" adotada.
Bento prestava estes esclarecimentos aos deputados durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES.
A comissão de inquérito arrancou a 17 de novembro e tem um prazo de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.