O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, escusou-se a comentar o artigo do diário financeiro norte-americano "Wall Street Journal", segundo o qual Portugal poderá precisar de um novo resgate.
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Esta terça-feira, em Bruxelas, na primeira vez, em cerca de meio ano, que prestou declarações à Imprensa depois de uma reunião dos ministros das Finanças da União Europeia, Vítor Gaspar rejeitou todavia abordar qualquer assunto que não tenha estado na agenda das reuniões do Eurogrupo (a 17) e do Ecofin (27), escusando-se assim a comentar se considerava injusta ou prematura a análise no artigo do "Wall Street Journal", bem como outras matérias relacionadas com Portugal.
"Peço-lhe imensa desculpa mas essa questão está completamente fora do âmbito da nossa interação aqui. Essas questões não foram abordadas nem no Ecofin nem no Eurogrupo, portanto não irei comentar esses factos", disse.
Também quando questionado sobre a análise que é feita entre os seus parceiros relativamente à situação de Portugal e se estes concordarão que o país conhecerá agora um ponto de viragem, Vítor Gaspar alegou que a questão não foi abordada nem segunda-feira, nem hoje.
"Nem no Eurogrupo nem no Ecofin fiz qualquer comentário sobre a situação portuguesa, e não recebi também nem no Eurogrupo nem no Ecofin qualquer comentário sobre a situação portuguesa", limitou-se a apontar.
Por fim, o ministro "ameaçou" abandonar a conferência de imprensa face à insistência dos jornalistas relativamente à situação de Portugal - quando questionado sobre se o país estaria em condições de regressar aos mercados na altura prevista, respondeu que tomava então "por adquirido" que não havia !qualquer pergunta adicional sobre o Ecofin ou o Eurogrupo" e começou a despedir-se -, tendo todavia surgido questões sobre assuntos destas reuniões, às quais respondeu.
Num artigo publicado esta terça-feira, o "Wall Street Journal" escreve que investidores e políticos temem que Portugal possa precisar de um novo resgate internacional, apontando que, de acordo com um relatório do Instituto de Finanças Internacional, a viabilidade de Portugal regressar aos mercados financeiros no próximo ano é "problemática".
"Com as taxas de juro sobre as obrigações do Tesouro português ainda acima dos 12%, apesar de descidas recentes, parece improvável que se concretize [o regresso aos mercados], mesmo que as metas orçamentais sejam cumpridas", cita o diário.
O artigo, escrito pela correspondente em Lisboa do diário norte-americano, cita também o ex-ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos: "O drama disto tudo é que podemos fazer o nosso trabalho exactamente como nos foi pedido e, se a Europa não tiver uma resposta adequada, poderá ter sido tudo em vão".
O Governo português tem rejeitado a possibilidade de o país necessitar de um novo pacote de ajuda financeira internacional.