Quando começou a trabalhar aos 16 anos, Bernardo Sousa Macedo tinha tempos livres em horários diferentes do dos amigos. Desencontrado da maioria, inscreveu-se para fazer voluntariado, e é então que percebe a dificuldade em prestar ajuda fora dos períodos convencionais.
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O conceito da Inpakt, rede social com ambição de juntar na mesma plataforma voluntários, organizações sem fins lucrativos, instituições sociais e benfeitores, foi buscar inspiração a essa necessidade que sentiu. "Hoje em dia, o voluntariado para a vida faz menos sentido. Os jovens não sabem como vai ser a sua agenda na semana seguinte". A Inpakt pretende colmatar a falha, a partir do próximo sábado, altura em que se apresenta em pleno. Desde o Natal, recolhe donativos.
O candidato a voluntário preenche uma ficha, na qual aponta a disponibilidade de horário, localização que mais lhe convém e tipo de apoio: crianças, idosos, animais, ambiente, entre outros. A equipa da Inpakt, em ligação com as associações, faz o resto. Em pouco tempo, o voluntário receberá um email sobre as atividades procuradas a decorrer entre as 14 e as 16 horas no tal dia, na área circunscrita. A geolocalização dos membros e das instituições tem direito a mapa pontilhado. Pode acontecer um peditório estar a acontecer em 30 cidades. As instituições podem criar eventos com antecedência e fazer gestão das suas necessidades.
Um processo simples que não equivale, porém, no que diz respeito ao voluntário, a uma inscrição irrefletida e muito menos irresponsável. "Cada voluntário cria um 'currículo vitae social', no qual passará a constar a a experiência que vai construindo", explica Bernardo Sousa Macedo, 30 anos, de Lisboa, com carreira na área da Comunicação e Marketing.
Esse documento traz mais valias para todos os envolvidos, salienta o autor da Inpakt. "O trabalho realizado é confirmado pelas respetivas associações e serve de instrumento de avaliação para futuros pedidos", explica. "Quem tem currículo a lidar com crianças tem maior probabilidade de ser chamado para outras atividades que as envolvam".
Por outro lado, numa altura em que o desemprego atinge 15,3% da população portuguesa, segundo números do INE relativos ao último trimestre de 2013, e a área da economia social ainda oferece emprego, o currículo vitae social pode ser o passaporte para uma futura remuneração, acredita Bernardo Macedo. Segundo o ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, Pedro Mota Soares, 5,5% do trabalho pago no nosso país encontra-se já neste terceiro setor.
A Inpakt espera igualmente ser útil a quem tem pouco tempo livre e ainda assim está disposto a deixar um contributo. Bernardo Macedo refere-se ao voluntário profissional pro bono, outra das categorias em franco crescimento. São os advogados, arquitetos, dispostos a oferecer o seu conhecimento de forma gratuita.
O projeto conta com sete pessoas nos quadros e três consultores externos e não teria crescido se não tivesse tido o apoio da Portugal Ventures e PNV Capital, com fundos da União Europeia.